J. D. Silva, Arthur Danillo Castelo Branco De Souza
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Abstract
Muito se tem discutido sobre a atuação da população negra no movimento abolicionista brasileiro e no imediato pós-abolição. Descobriu-se que, apesar de todas as limitações impostas pelo sistema escravista e pelo racismo estrutural, a população negra esteve em evidência e transformou a realidade a partir de suas experiências mutualistas, fazendo uso de suas redes de proteção. Feliciano André Gomes, um dos filhos do africano livre Feliciano André Gomes da Costa, foi um homem negro que conseguiu, através do associativismo, dos estudos e da militância política, ascender política e socialmente. Entre o fim da escravidão (1888) e a Primeira República (1889-1930) conseguimos acompanhar a trajetória desse líder político e intelectual negro e suas atuações tanto no movimento abolicionista, quanto no movimento operário e intelectual em Pernambuco. Feliciano André Gomes foi um dos muitos homens negros que impuseram à sociedade o reconhecimento de suas habilidades, contradizendo as teorias raciais em voga. Veremos que, ao mesmo tempo em que Feliciano André Gomes fazia parte de uma “elite negra”, também representava categorias como escravizados e artífices, posteriormente chamados de operários ou “trabalhadores nacionais”, fazendo-se um líder das camadas populares. A nossa iniciativa, longe de querer esgotar o debate sobre a participação política da população negra entre a abolição e a primeira república, é a de acender uma tocha, através da vida de André Gomes, para que possamos desconstruiras imagens de anomia e de “bestialização”, que, durante muito tempo, recaiu sobre a população negra brasileira.