{"title":"O Impacto das Exigências de Excelência Científica na Saúde de Pesquisadoras PQ/CNPq da Psicologia","authors":"Rocelly Cunha, M. Dimenstein, C. Dantas","doi":"10.5020/23590777.rs.v22i3.e12588","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Objetivou-se discutir os efeitos das exigências da excelência científica na saúde das bolsistas PQ/CNPq da psicologia. Utilizou-se questionário on-line aplicado a uma amostra não probabilística de 85 mulheres, dentre as 204 bolsistas PQ/CNPq cadastradas no sistema e entrevistas remotas com 24 delas. As pesquisadoras identificam processos de adoecimento em razão das exigências do trabalho acadêmico e de pesquisa. Consideram que sustentar a carreira científica em nível de excelência em um contexto machista, patriarcal, desigual e precarizado reverbera negativamente na saúde. As mulheres, diferentemente dos pesquisadores homens, precisam lidar cotidianamente com o sexismo institucionalizado, com a discriminação e as hierarquias de poder nas universidades e instituições de pesquisa. Além disso, com as responsabilidades domésticas e familiares que ainda estão fortemente associadas às mulheres na cultura machista que impregna a sociedade brasileira. Esses fatores as tornam mais vulneráveis ao sofrimento e adoecimento. Percebe-se que as exigências acadêmicas se articulam às desigualdades de gênero, criando um ambiente propício à expansão dos gradientes de vulnerabilidade e intensificação do sofrimento psíquico, bem como de adesão das mulheres à racionalidade individualizante hegemônica que desconecta a produção de adoecimento do gerenciamento da vida e das imposições de gênero.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-12-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Subjetividades","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12588","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Objetivou-se discutir os efeitos das exigências da excelência científica na saúde das bolsistas PQ/CNPq da psicologia. Utilizou-se questionário on-line aplicado a uma amostra não probabilística de 85 mulheres, dentre as 204 bolsistas PQ/CNPq cadastradas no sistema e entrevistas remotas com 24 delas. As pesquisadoras identificam processos de adoecimento em razão das exigências do trabalho acadêmico e de pesquisa. Consideram que sustentar a carreira científica em nível de excelência em um contexto machista, patriarcal, desigual e precarizado reverbera negativamente na saúde. As mulheres, diferentemente dos pesquisadores homens, precisam lidar cotidianamente com o sexismo institucionalizado, com a discriminação e as hierarquias de poder nas universidades e instituições de pesquisa. Além disso, com as responsabilidades domésticas e familiares que ainda estão fortemente associadas às mulheres na cultura machista que impregna a sociedade brasileira. Esses fatores as tornam mais vulneráveis ao sofrimento e adoecimento. Percebe-se que as exigências acadêmicas se articulam às desigualdades de gênero, criando um ambiente propício à expansão dos gradientes de vulnerabilidade e intensificação do sofrimento psíquico, bem como de adesão das mulheres à racionalidade individualizante hegemônica que desconecta a produção de adoecimento do gerenciamento da vida e das imposições de gênero.