Paulo Marcelino dos Santos, Elizabeth Gonzaga de Lima
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Abstract
Auritha Tabajara cordelista, mulher Tabajara nordestina LGBTQIA+, elabora uma escrita com tons biográficos em Coração na Aldeia, Pés no Mundo (2018). Essa escritura põe em xeque a questão autoral: no jogo entre duas vozes narrativas, no imbrincamento entre a voz Tabajara e a voz individual, na narrativa da trajetória e das lutas da Auritha personagem. Desse modo, caracteriza-se uma disputa relacionada aos conceitos de autoria e de literatura, contrastando o relato com a experiência vivida, mesclando o coletivo, o biográfico e o estético. Essa apreensão contrastiva de Coração na Aldeia, Pés no Mundo (2018) é feita com base em dois conceitos que contrapõem a noção de sujeito autossuficiente logocêntrico, a partir de diferentes aspectos: a autoficção (FAEDRICH, 2016) e autohistória (SIOUI, 1987). A autoficção é utilizada para compreender como Auritha se transforma em personagem e em objeto de um discurso, como constrói um eu textual, biografico e ficcional, a partir do cordel. A autohistória funciona como um subsídio para interpretar a narrativa de Auritha com base na cosmologia e na filosofia dos povos originários, demarcando o caráter coletivo nessa escrita individual. Portanto, a poética de Auritha Tabajara destaca seu nome próprio e sua integração com a nação Tabajara, em uma moldura constítuida por aspectos estilísticos, performativos, ficcionais e ancestrais.