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Abstract
Eu me encontro em Lua nova. Estive durante dois dias tentando entender por que tenho chorado tanto. O contexto de pandemia é devastador: as incertezas e as crises são reais e concretas em todos os âmbitos da sociedade. Muitas pessoas estão morrendo e o período revela que determinadas vidas humanas têm ínfimo valor, sempre disputando com uma visão deturpada e capitalista de economia. O corpo em suspensão e a sensação da vida inteira paralisada. Sinto receio em generalizar a “vida inteira paralisada”. Talvez seja mais o oposto: muito movimento interno na vida em pausa (sabendo obviamente que isolamento social não é opção para todes). Com muita intensidade me lembro do processo criativo da dissertação Mulher Negra E(n)Cena: Performances, Encontros e Utopias. A palavra encontro já estava lá. Sensações misturadas, muito empreendimento humano dispensado e muitas mobilizações internas. Essas memórias se somam aos atuais processos de transição da vida e da cultura, reflexões profundas sobre a ética e a moral humana diante da possibilidade do desaparecimento. Finitudes. Ocorre-me que de todo o processo da pesquisa o que emerge de mais valoroso não é o título, o diploma, um canudo de papel que deveria ser o fim para o qual todo esse processo se organizou. O meu tesouro, o aspecto primordial, que guardarei para sempre é a memória dos encontros vividos. Tenho me emocionado muito lembrando desses e de outros encontros, e das pontes que produzem interna e externamente, conexões, interações, redes. Então choro muito por esse contexto quando penso que os encontros afetivos da minha