{"title":"A DIVISÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO EM 1977 E OS IMPERATIVOS DE SEGURANÇA NACIONAL","authors":"Daniel Alemeida de Macedo","doi":"10.58960/rbi.2015.10.126","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Os governos militares pós-64 tinham uma proposta geopolítica a ser implementada na região Centro-Oeste. Para executar esse projeto, os militares se valeram de um elaborado instrumento de planejamento estruturado nos conceitos de “progresso” e “desenvolvimento”, termos elaborados pela Doutrina de Segurança Nacional (DSN), concebida e lapidada pela Escola Superior de Guerra (ESG).A campanha “Marcha para o Oeste” concretizou uma estratégia geopolítica que enfocava os Estados-Nação como organismos em luta pelo “espaço vital” e centrados na necessidade de expansão e ocupação territorial como forma de afirmação da soberania e projeção de poder. No Brasil, porém, a geopolítica não propôs a conquista de espaços fora de seu território, mas em seu próprio território, ou seja, o “espaço vital” a ser conquistado estava dentro de nosso imenso território, ou dentro de nosso próprio “espaço”.Enquanto a ascensão do MDB na segunda metade dos anos setenta indicava que se aproximava o fim do regime autoritário, o governo militar ainda precisava concluir o seu projeto geopolítico de conquista do “espaço vital” e colocar o país no rumo duradouro do “desenvolvimento com segurança”. Em razão da perspectiva do fim do regime e impulsionados pelo crescimento político do MDB, os militares passaram a intensificar a realização de seu projeto geopolítico. A divisão do estado de Mato Grosso ocorrida em 1977 e os grandes projetos de ocupação e desenvolvimento na região Centro-Oeste que acompanharam esta decisão governamental representam uma expressão desta singular conjuntura histórica.","PeriodicalId":193478,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Inteligência","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2015-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Brasileira de Inteligência","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.58960/rbi.2015.10.126","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Os governos militares pós-64 tinham uma proposta geopolítica a ser implementada na região Centro-Oeste. Para executar esse projeto, os militares se valeram de um elaborado instrumento de planejamento estruturado nos conceitos de “progresso” e “desenvolvimento”, termos elaborados pela Doutrina de Segurança Nacional (DSN), concebida e lapidada pela Escola Superior de Guerra (ESG).A campanha “Marcha para o Oeste” concretizou uma estratégia geopolítica que enfocava os Estados-Nação como organismos em luta pelo “espaço vital” e centrados na necessidade de expansão e ocupação territorial como forma de afirmação da soberania e projeção de poder. No Brasil, porém, a geopolítica não propôs a conquista de espaços fora de seu território, mas em seu próprio território, ou seja, o “espaço vital” a ser conquistado estava dentro de nosso imenso território, ou dentro de nosso próprio “espaço”.Enquanto a ascensão do MDB na segunda metade dos anos setenta indicava que se aproximava o fim do regime autoritário, o governo militar ainda precisava concluir o seu projeto geopolítico de conquista do “espaço vital” e colocar o país no rumo duradouro do “desenvolvimento com segurança”. Em razão da perspectiva do fim do regime e impulsionados pelo crescimento político do MDB, os militares passaram a intensificar a realização de seu projeto geopolítico. A divisão do estado de Mato Grosso ocorrida em 1977 e os grandes projetos de ocupação e desenvolvimento na região Centro-Oeste que acompanharam esta decisão governamental representam uma expressão desta singular conjuntura histórica.