{"title":"O NÚMERO DA BESTA: UMA NOVA EXPLICAÇÃO PARA AS VARIANTES 666 E 616 EM APOCALIPSE 13:18","authors":"Milton Luiz Torres","doi":"10.25194/2317-0573.2021v17n1.e1579","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O texto de Ap 13:18 é objeto de uma notória divergência textual. A NVI traduz a passagem da seguinte forma: “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis”. A divergência ocorre justamente na parte final do verso, mais especificamente no número da besta. Os manuscritos mais antigos e importantes trazem o número 666. Entre eles, estão o Códice Sinaítico (do séc. IV) e o Códice Alexandrino (do séc. V), que trazem o número escrito por extenso (hexakosioi hexêkonta hex, “seiscentos e sessenta e seis”). O papiro de Dublin ou p47 (do final do séc. III) também traz o número 666, mas não por extenso. Em vez disso, fornece três letras gregas que representam o número: CHXS, sendo que a letra chi (CH) vale 600, a letra xi (X) vale 60 e o digama (F), mas como um sigma (S) em forma de meia lua (C), vale 6. Quando somamos as centenas, dezenas e unidades, chegamos ao número 666. Os gregos antigos desconheciam o zero e, por essa razão, empregavam 27 letras para representar alfabeticamente os números quando desejavam apresentá-los de forma abreviada. No entanto, o testemunho textual não é unânime em considerar 666 como o número da besta. Um papiro de Oxford, o p115 (do final do séc. III ou início do séc. IV), traz o número 616 de forma abreviada: CHIS, sendo que o chi (CH) representa 600, o iota (I) representa 10 e o digama (S), 6. Além disso, um palimpsesto (C04) do séc. V, conhecido como Ephraemi Rescriptus, traz o número 616 por extenso (hexakosioi deka hex, “seiscentos e dezesseis”). Daí, a necessidade que os entendidos nos manuscritos bíblicos sentem de explicar por que surgiu essa divergência textual.","PeriodicalId":286329,"journal":{"name":"PRÁXIS TEOLÓGICA","volume":"52 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"PRÁXIS TEOLÓGICA","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.25194/2317-0573.2021v17n1.e1579","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O texto de Ap 13:18 é objeto de uma notória divergência textual. A NVI traduz a passagem da seguinte forma: “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis”. A divergência ocorre justamente na parte final do verso, mais especificamente no número da besta. Os manuscritos mais antigos e importantes trazem o número 666. Entre eles, estão o Códice Sinaítico (do séc. IV) e o Códice Alexandrino (do séc. V), que trazem o número escrito por extenso (hexakosioi hexêkonta hex, “seiscentos e sessenta e seis”). O papiro de Dublin ou p47 (do final do séc. III) também traz o número 666, mas não por extenso. Em vez disso, fornece três letras gregas que representam o número: CHXS, sendo que a letra chi (CH) vale 600, a letra xi (X) vale 60 e o digama (F), mas como um sigma (S) em forma de meia lua (C), vale 6. Quando somamos as centenas, dezenas e unidades, chegamos ao número 666. Os gregos antigos desconheciam o zero e, por essa razão, empregavam 27 letras para representar alfabeticamente os números quando desejavam apresentá-los de forma abreviada. No entanto, o testemunho textual não é unânime em considerar 666 como o número da besta. Um papiro de Oxford, o p115 (do final do séc. III ou início do séc. IV), traz o número 616 de forma abreviada: CHIS, sendo que o chi (CH) representa 600, o iota (I) representa 10 e o digama (S), 6. Além disso, um palimpsesto (C04) do séc. V, conhecido como Ephraemi Rescriptus, traz o número 616 por extenso (hexakosioi deka hex, “seiscentos e dezesseis”). Daí, a necessidade que os entendidos nos manuscritos bíblicos sentem de explicar por que surgiu essa divergência textual.