{"title":"Doença Mental em Sobreviventes da COVID‐19","authors":"A. Moreira, Joana Costa, Tiago Flores, C. Castro","doi":"10.51338/rppsm.257","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"\n\n\nIntrodução: A doença por COVID‐19 foi declarada como pandemia desde março de 2020. Estudos realizados em contextos pandémicos anteriores, demonstram um impacto negativo na saúde mental. No contexto da infeção por SARS‐CoV‐2, existem dados que sugerem que a infeção por si só poderá constituir um fator predisponente para o surgimento ou agravamento de patologia psiquiátrica.\nMaterial e Métodos: Estudámos os utentes de uma unidade de saúde familiar do Norte de Portugal com diagnóstico de infeção por SARS‐CoV‐2 entre março e outubro de 2020, com pelo menos um mês de seguimento após cura, assim como uma amostra aleatorizada de controlos (proporção 1:1), num total de 218 indivíduos.\nResultados: Não encontrámos diferenças significativas no surgimento/agravamento da doença mental face à presença de infeção por SARS‐CoV‐2. Neste grupo, o número de dias de isolamento e o local de tratamento não se associaram ao surgimento/agravamento da patologia mental. Na amostra total, a prática de exercício físico associou‐se a uma menor probabilidade de surgimento/agravamento da patologia mental (p=0,039) e a presença de antecedentes de doença mental a uma maior probabilidade de surgimento/agravamento desta (p=0,001).\nDiscussão: Apesar da COVID‐19 não se ter associado ao surgimento ou agravamento da patologia mental, fatores como a prática de exercício físico e antecedentes de doença mental mostraram ter impacto sobre esta variável em contexto de pandemia.\nConclusão: neste estudo, a infeção por SARS‐CoV‐2 não parece ter sido, por si, um fator determinante no surgimento ou agravamento da patologia mental, existindo outros fatores que poderão ter sido mais decisivos, nomeadamente a existência de antecedentes da doença mental e a prática de exercício físico, que pode ter atuado como fator protetor.\n\n\n","PeriodicalId":129543,"journal":{"name":"Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental","volume":"42 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-01-05","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.51338/rppsm.257","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A doença por COVID‐19 foi declarada como pandemia desde março de 2020. Estudos realizados em contextos pandémicos anteriores, demonstram um impacto negativo na saúde mental. No contexto da infeção por SARS‐CoV‐2, existem dados que sugerem que a infeção por si só poderá constituir um fator predisponente para o surgimento ou agravamento de patologia psiquiátrica.
Material e Métodos: Estudámos os utentes de uma unidade de saúde familiar do Norte de Portugal com diagnóstico de infeção por SARS‐CoV‐2 entre março e outubro de 2020, com pelo menos um mês de seguimento após cura, assim como uma amostra aleatorizada de controlos (proporção 1:1), num total de 218 indivíduos.
Resultados: Não encontrámos diferenças significativas no surgimento/agravamento da doença mental face à presença de infeção por SARS‐CoV‐2. Neste grupo, o número de dias de isolamento e o local de tratamento não se associaram ao surgimento/agravamento da patologia mental. Na amostra total, a prática de exercício físico associou‐se a uma menor probabilidade de surgimento/agravamento da patologia mental (p=0,039) e a presença de antecedentes de doença mental a uma maior probabilidade de surgimento/agravamento desta (p=0,001).
Discussão: Apesar da COVID‐19 não se ter associado ao surgimento ou agravamento da patologia mental, fatores como a prática de exercício físico e antecedentes de doença mental mostraram ter impacto sobre esta variável em contexto de pandemia.
Conclusão: neste estudo, a infeção por SARS‐CoV‐2 não parece ter sido, por si, um fator determinante no surgimento ou agravamento da patologia mental, existindo outros fatores que poderão ter sido mais decisivos, nomeadamente a existência de antecedentes da doença mental e a prática de exercício físico, que pode ter atuado como fator protetor.