CASA DO FORNO: instituição sócio-alimentar de Araí e Taiassuí, nordeste paraense

M. Picanço
{"title":"CASA DO FORNO: instituição sócio-alimentar de Araí e Taiassuí, nordeste paraense","authors":"M. Picanço","doi":"10.51359/2526-3781.2018.236570","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Sinopse:A casa do forno (em outros lugares do Brasil é chamada de casa de farinha) é um dos elementos mais importantes no processo produtivo que permite que a mandioca se transforme em um conjunto de bens alimentícios, como: farinha d’água, goma, tucupi, etc., que são comidas (usa-se o termo comidas e não alimentos para reforçar o traço de sociabilidade proporcionado pela comida em situações coletivas, como comensalidade) que povoam os mercados e as mesas dos habitantes do nordeste paraense e que conferem considerável importância histórica, econômica, social e religiosa no lugar. (Picanço, 2018). Desse modo, a casa do forno, materializa-se em um espaço fulcral para a história da mandioca e dos habitantes de Araí e Taiassuí (comunidades rurais e produtoras de roça de mandioca no nordeste paraense), pois, ao mesmo tempo em que se constitui em um lugar onde são “paridos” todos os descendentes da mandioca, ela também funciona como um espaço de trocas de experiências, onde o saber fazer as comidas oriundas da mandioca é ensinado, aprendido e mantido de geração em geração. As casas do forno ajudam na composição socioespacial de Araí e Taiassuí, pois onde tem uma roça, nas proximidades também se encontra uma delas. Por isso, a casa do forno, ao mesmo tempo em que é pensada e concebida como uma instituição socioalimentar, também é compreendida como uma “maternidade”, um laboratório onde os frutos da mandioca são paridos, são nascidos. Como diria Marcena (2012, p. 52), ela é o “ventre da farinha, nascedoura de todas as farinhas de mandioca preparadas e também dos beijus [...], a casa de farinha se constitui como uma instituição socioalimentar [...], desde os primórdios da invenção da brasilidade [...].” Ela também se revela um lugar de interações sociais e sociabilidades que são alimentadas em um extenso fluxo de pessoas, de distintas famílias que ali trabalham em cooperação, mas também conta com a labuta dos não humanos, que ao mesmo tempo em que são singulares, tornam-se complexos, os quais não estão simplesmente ali, eles habitam naquelas casas do forno, onde desempenham atividades laborais específicas (Velthem, 2007), das quais a mandioca depende para gerar seus frutos. São eles e elas: a gamela grande, a gamela pequena, a mão de pilão, a peneira, a prensa, as vassouras, os tipitis, os rodos, o forno e, em alguns casos, o ralo e/ou o catitu, sobre os quais “[...] há [...] nítida percepção de que trabalham” (Velthem, 2007, p. 622). Portanto são das experiências laborais, dos humanos e não humanos, que dão vida aos descendentes da mandioca na casa do forno, que “falam” as imagens deste ensaio fotográfico. sinopsis:The furnace house (in other places of Brazil and called flour house) is one of the most important elements in the production process that allows cassava to become a set of foodstuffs, such as: water flour, gum, tucupi, etc., which are foods ( the term food is used to reinforce the sociability trait provided by food in collective situations such as commensality) that populate the markets and tables of the inhabitants of northeastern Pará and that confer considerable historical, economic, social and religious importance in the place. (PICANÇO, 2018). In this way, the furnace house is materialized in a central space for the history of cassava and the inhabitants of Araí and Taiassuí (rural communities and producers of cassava in northeastern of Pará), since, at the same time, in a place where all the descendants of cassava are \"born\", it also functions as a space for exchange of experiences, where the know how to make the foods from cassava is taught, learned and maintained from generation to generation. The furnace houses help in the socio-spatial composition of Araí and Taiassuí, because where there is a garden, there is also one nearby. For this reason, the furnace house, at the same time as it is thought and conceived as a socio-alimentary institution, is also understood as a \"maternity\", a laboratory where the fruits of cassava are born. How could say Marcena (2012, p. 52), it is the \"belly of flour, born of all prepared cassava flour and also of the beijus [...], the flour house constitutes as a socio-alimentary institution...], from the earliest days of the invention of Brazilianness. It also reveals itself as a place of social interactions and sociabilities that are nurtured in an extensive flow of people, from distinct families who work there in cooperation, but also relies on the toil of not human, who at the same time are singular, make (VELTHEM, 2007), on which cassava depends to produce its fruits. They are: large trough, small trough, the hand of pestle, sieve, press, brooms, tipitis, rodos, furnace and, in some cases, drain and / or catitu, over which \"[...] there is a clear perception that they work\" (VELTHEM, 2007, p.622). Therefore, it is from the human and not human labor experiences that give life to the descendants of cassava in the furnace house that \"speak\" the images of this photographic essay.Palabras-chave:Casa do forno. Mandioca. Pará.Key-words:Furnace house. Cassava. Pará.Ficha técnica:Autora:Miguel de Nazaré Brito PicançoFotografias: Miguel de Nazaré Brito PicançoDireção, Edição de Imagem e Texto: Miguel de Nazaré Brito PicançoFicha técnica:Autora:Miguel de Nazaré Brito PicançoFotografía:Miguel de Nazaré Brito PicançoDirección:Miguel de Nazaré Brito Picanço","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"26 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-10-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"AntHropológicas Visual","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.51359/2526-3781.2018.236570","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

Abstract

Sinopse:A casa do forno (em outros lugares do Brasil é chamada de casa de farinha) é um dos elementos mais importantes no processo produtivo que permite que a mandioca se transforme em um conjunto de bens alimentícios, como: farinha d’água, goma, tucupi, etc., que são comidas (usa-se o termo comidas e não alimentos para reforçar o traço de sociabilidade proporcionado pela comida em situações coletivas, como comensalidade) que povoam os mercados e as mesas dos habitantes do nordeste paraense e que conferem considerável importância histórica, econômica, social e religiosa no lugar. (Picanço, 2018). Desse modo, a casa do forno, materializa-se em um espaço fulcral para a história da mandioca e dos habitantes de Araí e Taiassuí (comunidades rurais e produtoras de roça de mandioca no nordeste paraense), pois, ao mesmo tempo em que se constitui em um lugar onde são “paridos” todos os descendentes da mandioca, ela também funciona como um espaço de trocas de experiências, onde o saber fazer as comidas oriundas da mandioca é ensinado, aprendido e mantido de geração em geração. As casas do forno ajudam na composição socioespacial de Araí e Taiassuí, pois onde tem uma roça, nas proximidades também se encontra uma delas. Por isso, a casa do forno, ao mesmo tempo em que é pensada e concebida como uma instituição socioalimentar, também é compreendida como uma “maternidade”, um laboratório onde os frutos da mandioca são paridos, são nascidos. Como diria Marcena (2012, p. 52), ela é o “ventre da farinha, nascedoura de todas as farinhas de mandioca preparadas e também dos beijus [...], a casa de farinha se constitui como uma instituição socioalimentar [...], desde os primórdios da invenção da brasilidade [...].” Ela também se revela um lugar de interações sociais e sociabilidades que são alimentadas em um extenso fluxo de pessoas, de distintas famílias que ali trabalham em cooperação, mas também conta com a labuta dos não humanos, que ao mesmo tempo em que são singulares, tornam-se complexos, os quais não estão simplesmente ali, eles habitam naquelas casas do forno, onde desempenham atividades laborais específicas (Velthem, 2007), das quais a mandioca depende para gerar seus frutos. São eles e elas: a gamela grande, a gamela pequena, a mão de pilão, a peneira, a prensa, as vassouras, os tipitis, os rodos, o forno e, em alguns casos, o ralo e/ou o catitu, sobre os quais “[...] há [...] nítida percepção de que trabalham” (Velthem, 2007, p. 622). Portanto são das experiências laborais, dos humanos e não humanos, que dão vida aos descendentes da mandioca na casa do forno, que “falam” as imagens deste ensaio fotográfico. sinopsis:The furnace house (in other places of Brazil and called flour house) is one of the most important elements in the production process that allows cassava to become a set of foodstuffs, such as: water flour, gum, tucupi, etc., which are foods ( the term food is used to reinforce the sociability trait provided by food in collective situations such as commensality) that populate the markets and tables of the inhabitants of northeastern Pará and that confer considerable historical, economic, social and religious importance in the place. (PICANÇO, 2018). In this way, the furnace house is materialized in a central space for the history of cassava and the inhabitants of Araí and Taiassuí (rural communities and producers of cassava in northeastern of Pará), since, at the same time, in a place where all the descendants of cassava are "born", it also functions as a space for exchange of experiences, where the know how to make the foods from cassava is taught, learned and maintained from generation to generation. The furnace houses help in the socio-spatial composition of Araí and Taiassuí, because where there is a garden, there is also one nearby. For this reason, the furnace house, at the same time as it is thought and conceived as a socio-alimentary institution, is also understood as a "maternity", a laboratory where the fruits of cassava are born. How could say Marcena (2012, p. 52), it is the "belly of flour, born of all prepared cassava flour and also of the beijus [...], the flour house constitutes as a socio-alimentary institution...], from the earliest days of the invention of Brazilianness. It also reveals itself as a place of social interactions and sociabilities that are nurtured in an extensive flow of people, from distinct families who work there in cooperation, but also relies on the toil of not human, who at the same time are singular, make (VELTHEM, 2007), on which cassava depends to produce its fruits. They are: large trough, small trough, the hand of pestle, sieve, press, brooms, tipitis, rodos, furnace and, in some cases, drain and / or catitu, over which "[...] there is a clear perception that they work" (VELTHEM, 2007, p.622). Therefore, it is from the human and not human labor experiences that give life to the descendants of cassava in the furnace house that "speak" the images of this photographic essay.Palabras-chave:Casa do forno. Mandioca. Pará.Key-words:Furnace house. Cassava. Pará.Ficha técnica:Autora:Miguel de Nazaré Brito PicançoFotografias: Miguel de Nazaré Brito PicançoDireção, Edição de Imagem e Texto: Miguel de Nazaré Brito PicançoFicha técnica:Autora:Miguel de Nazaré Brito PicançoFotografía:Miguel de Nazaré Brito PicançoDirección:Miguel de Nazaré Brito Picanço
CASA DO FORNO: arai和taiassui的社会食品机构,para东北部
简介:casa do forno(在巴西的其他地方被称为casa de farinha)是生产过程中最重要的元素之一,它允许木薯转化为一系列食品,如:d’面粉水,口香糖,tucupi等等,这些食物(用术语而不是加强饲料的社会性所提供的食物在合法的情况下,例如comensalidade)填充市场和表州东北部的居民提供相当重要历史,经济,社会和宗教的地方。(例如,2018)。,烤箱,物化的房子空间对于木薯的历史和人民的AraíTaiassuí(农村地区和东北木薯生产刷奖),同时如果是在一个地方“paridos”所有的木薯的后代,她也作为一个空间的经验交流,知道做的食物从木薯是一代一代地教,学和维护。forno的房子有助于arai和taiassui的社会空间组成,因为在有农田的地方,附近也有一个。因此,casa do forno,在被认为是一个社会食品机构的同时,也被理解为一个“母性”,一个木薯果实出生的实验室。正如Marcena(2012,第52页)所说,她是“面粉的子宫,是所有准备好的木薯粉的诞生地,也是[…]面粉之家是一个社会食品机构[…]从巴西性发明之初就开始了。”她启示的地方也受到的社会互动和sociabilidades的广泛的合作领域,在不同的家庭,但也有非人类的劳动,同时是异想天开,变得复杂,也不简单,他们住的房子从烤箱里拿出来,在执行具体聘用(2007),其中Velthem木薯取决于创造成果。它们是:大锅,小锅,杵的手,筛子,压力机,扫帚,tipitis,刮刀,烤箱,在某些情况下,排水管和/或catitu,在上面“[…]有[…](Velthem, 2007,第622页)。因此,正是人类和非人类的劳动经验赋予了木薯的后代生命,这篇摄影文章中的图像“说话”了。简介:炉房(在巴西其他地方称为面粉房)是生产过程中使木薯粉成为一套食品的最重要因素之一,例如:水面粉,古姆tucupi等等,这是食物(术语,是用来reinforce the sociability特征提供的食物在集体场合这样的commensality), populate居民的市场和表做的阻止,它considerable历史、经济、社会和宗教的重要性的地方。(例如,2018)。在这种方式,炉盘的中央空间中具体化的历史木薯的居民Araí和Taiassuí(农村社区和生产商做了木薯的阻止),因为,在同一时间,在一个地方所有的后代木薯在哪里“诞生”,它有趣的功能空间是交易的经验,知道如何使食物从木薯taught,学到maintained从一代一代。= =地理= =根据美国人口普查,该地区的总面积为,其中土地和(3.064平方公里)水。由于这个原因,熔炉,在它被认为是一个社会食品机构的同时,也被理解为一个“母性”,一个木薯果实诞生的实验室。《How could say Marcena》(2012,第52页),它是“面粉的belly,诞生于所有准备好的木薯粉和[…]= =地理= =根据美国人口普查局的数据,该镇的土地面积为,其中土地和(1.)水。= =地理= =根据美国人口普查,该镇的土地面积为。这有趣的reveals本身的一个地方的社会互动和sociabilities nurtured an extensive流的人,从不同的家庭谁工作在合作,而且relies on the toil of自然不是人类,人在同一时间,使(VELTHEM, 2007),在这木薯生产取决于其泥。他们是:有小型槽,槽,杵,筛分的手,出版社,扫帚,tipitis,应该是,炉,在一些结婚后,停止和/或catitu完毕,“(...”有明确的经验,他们的工作(p.622 VELTHEM, 2007)。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
求助全文
约1分钟内获得全文 求助全文
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
0
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:481959085
Book学术官方微信