{"title":"Flor de Mandacaru: literatura de cordel em Língua Brasileira de Sinais","authors":"Bruno Veloso de Farias Ribeiro","doi":"10.35520/flbc.2022.v14n28a55789","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este trabalho apresenta uma análise de um cordel criado em Língua Brasileira de Sinais (Libras), feito por uma autora surda e que aborda o tema da cultura nordestina. Essa possibilidade só surgiu após alguns anos, pois a literatura surda possui registros apenas a partir da década de 1960 por causa do contexto acadêmico e político de pouco reconhecimento das línguas de sinais. Atualmente, os estudos de literatura surda classificam as obras com base em sua tradução, adaptação ou criação original das obras literárias sinalizadas. A literatura de cordel em Libras se constitui em um ponto de interseção entre a cultura surda e a cultura nordestina. Nesse cenário, foi investigado o modo como a pessoa nordestina foi retratada no cordel e quais foram as estratégias empregadas para a adaptação à Libras de um gênero literário típico da cultura oral de língua portuguesa. Almejei, então, analisar os sinais utilizados para fazer referência à cultura e às pessoas nordestinas, e as estratégias visuais manipuladas como referência a elementos da literatura de cordel. A interpretação da obra, adaptada para o português, foi transcrita; e capturas de tela foram mostradas para evidenciar a descrição e a análise. Como resultado, aponto que o cordel em Libras, dentro de uma moldura de tela com textura de palha e trajes regionais que transpõem o gênero para uma modalidade sinalizada, se refere às pessoas nordestinas como “sonhadoras”, “trabalhadoras”, “corajosas”, e revela vivências comuns a pessoas nordestinas surdas e ouvintes, desmascarando o preconceito linguístico e a xenofobia.","PeriodicalId":354339,"journal":{"name":"Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea","volume":"101 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.35520/flbc.2022.v14n28a55789","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Este trabalho apresenta uma análise de um cordel criado em Língua Brasileira de Sinais (Libras), feito por uma autora surda e que aborda o tema da cultura nordestina. Essa possibilidade só surgiu após alguns anos, pois a literatura surda possui registros apenas a partir da década de 1960 por causa do contexto acadêmico e político de pouco reconhecimento das línguas de sinais. Atualmente, os estudos de literatura surda classificam as obras com base em sua tradução, adaptação ou criação original das obras literárias sinalizadas. A literatura de cordel em Libras se constitui em um ponto de interseção entre a cultura surda e a cultura nordestina. Nesse cenário, foi investigado o modo como a pessoa nordestina foi retratada no cordel e quais foram as estratégias empregadas para a adaptação à Libras de um gênero literário típico da cultura oral de língua portuguesa. Almejei, então, analisar os sinais utilizados para fazer referência à cultura e às pessoas nordestinas, e as estratégias visuais manipuladas como referência a elementos da literatura de cordel. A interpretação da obra, adaptada para o português, foi transcrita; e capturas de tela foram mostradas para evidenciar a descrição e a análise. Como resultado, aponto que o cordel em Libras, dentro de uma moldura de tela com textura de palha e trajes regionais que transpõem o gênero para uma modalidade sinalizada, se refere às pessoas nordestinas como “sonhadoras”, “trabalhadoras”, “corajosas”, e revela vivências comuns a pessoas nordestinas surdas e ouvintes, desmascarando o preconceito linguístico e a xenofobia.