João Camilo Grazziotin Portal, Lúcio Geller Júnior
{"title":"“Chegou a hora de ucranizar!”: usos do passado e nacionalismo nas manifestações públicas em defesa de Jair Bolsonaro","authors":"João Camilo Grazziotin Portal, Lúcio Geller Júnior","doi":"10.5007/2175-7976.2021.e78091","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente ensaio é uma tentativa de reflexão sobre os usos do passado da Ucrânia pós-soviética em benefício da crise sanitária, econômica, política e social do governo de Jair Bolsonaro, deflagrada pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19). A primeira parte apresenta uma discussão sobre as especificidades da memória pública da esquerda na Ucrânia, e defende que sua política contemporânea baseia-se em uma ideia de “reconquista” do passado “roubado” pela União Soviética (URSS), a cargo, sobretudo, da ascensão de políticos e movimentos de direita. A segunda parte analisa uma confluência de manifestações discursivas públicas no Brasil que valem-se das experiências da última década na Ucrânia para legitimar a necessidade de uma história a ser “(re)construída”. Argumentamos que essa incitação à ação por parte da extrema-direita brasileira é baseada num diálogo entre memórias nacionais, e busca um “retorno” a uma colonização nacional pautada pelo cristianismo, branquitude, cisheteronormatividade, masculinidade, capacitismo e homogeneidade cultural, fatores esses que, supostamente, teriam sido “furtados” pelas políticas sociais progressistas das últimas décadas.","PeriodicalId":170801,"journal":{"name":"Esboços: histórias em contextos globais","volume":"22 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-08-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Esboços: histórias em contextos globais","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5007/2175-7976.2021.e78091","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 1
Abstract
O presente ensaio é uma tentativa de reflexão sobre os usos do passado da Ucrânia pós-soviética em benefício da crise sanitária, econômica, política e social do governo de Jair Bolsonaro, deflagrada pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19). A primeira parte apresenta uma discussão sobre as especificidades da memória pública da esquerda na Ucrânia, e defende que sua política contemporânea baseia-se em uma ideia de “reconquista” do passado “roubado” pela União Soviética (URSS), a cargo, sobretudo, da ascensão de políticos e movimentos de direita. A segunda parte analisa uma confluência de manifestações discursivas públicas no Brasil que valem-se das experiências da última década na Ucrânia para legitimar a necessidade de uma história a ser “(re)construída”. Argumentamos que essa incitação à ação por parte da extrema-direita brasileira é baseada num diálogo entre memórias nacionais, e busca um “retorno” a uma colonização nacional pautada pelo cristianismo, branquitude, cisheteronormatividade, masculinidade, capacitismo e homogeneidade cultural, fatores esses que, supostamente, teriam sido “furtados” pelas políticas sociais progressistas das últimas décadas.