O SUJEITO DESAPARECIDO NA TEORIA MARXIANA

H. Flickinger
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Abstract

“Marx na Universidade!” Esta palavra de ordem sinalizou as reivindicações do Movimento Estudantil, que agitou as universidades alemãs há mais do que cinco décadas, refletindo sobre a missão político-social da formação universitária. O fato de, naquele tempo, a indicação de uma aula sobre a teoria de Karl Marx ter sido sacrificada pela censura dos órgãos políticos da universidade tornou-se incompreensível em nossos dias.[1] Pelo contrário, depois da preocupação intensa com a teoria marxiana nas décadas passadas, o interesse nela parece ter diminuído rapidamente. Acho que foram sobretudo duas razões que levaram a esse processo. Em primeiro lugar, a crítica da economia política foi aceita como teoria científica, tendo enfraquecido assim seu potencial crítico em relação ao desenvolvimento real das sociedades cunhadas pelo capitalismo tardio. Ela tornou-se apenas uma base entre outras na compreensão científica da realidade social.[2] Além disso, a teoria, ela mesma, contém traços objetivistas ao apresentar a análise das estruturas materiais e econômicas, fazendo desaparecer o sujeito humano — fato este, que levou a teoria a aproximar-se aparentemente aos dogmas positivistas da moderna ciência. A teoria de Marx correria, por isso, o risco de mover-se na vizinhança do positivismo científico sacrificando seu impulso emancipatório. Como pôde essa perversão surgir na recepção dessa teoria?  Por que esta teoria tão ambiciosa perdeu seu potencial político, deixando-se incluir no pluralismo das teorias científicas? Achando que a teoria de Marx em si mesma não foi inocente quanto a esse processo ou, ao menos, a esse risco, não quero dizer que tivesse refletido de modo insuficiente sobre a emancipação humana. Muito pelo contrário, provarei que a história de sua recepção, assim como a construção teórica da crítica da economia política dão razões significativas para obrigar seu autor a destematizar os sujeitos humanos e, por isso mesmo, chamar a atenção a esse sujeito desaparecido. Em dois passos, explicarei a seguir as razões fundamentadoras dessa tese à primeira vista paradoxal. Na primeira parte da argumentação examinarei o desenvolvimento da teoria de Marx, que se lê como processo de abandono do discurso sobre o sujeito humano, ao passo que na segunda localizarei o destino dos sujeitos e da perspectiva emancipatória, provocados pelas razões internas dessa teoria. Finalmente, incluirei alguns pontos caraterísticos de uma subjetividade humana não dominada pela alienação vigente nas nossas sociedades capitalistas, extraindo assim uma perspectiva produtiva da argumentação anterior.
马克思理论中缺失的主体
“马克思在大学!”这一口号表明了学生运动的要求,50多年来,学生运动一直在德国大学中引起轰动,反映了大学教育的政治和社会使命。在当时,由于大学政治机构的审查,关于卡尔·马克思理论的课程被牺牲了,这一事实在今天变得不可理解。[1]相反,在过去几十年对马克思主义理论的强烈关注之后,人们对它的兴趣似乎迅速下降。我认为有两个主要原因导致了这个过程。首先,政治经济学批判被接受为一种科学理论,从而削弱了它对晚期资本主义所创造的社会实际发展的批判潜力。它成为科学理解社会现实的基础。[2]此外,该理论本身包含了客观主义的特征,呈现了对物质和经济结构的分析,使人的主体消失了——这一事实导致该理论显然接近现代科学的实证主义教条。因此,马克思的理论冒着接近科学实证主义的风险,牺牲了它的解放动力。这种反常是如何在接受这个理论的过程中产生的?为什么这个雄心勃勃的理论失去了它的政治潜力,让自己被纳入科学理论的多元化?我认为马克思的理论本身在这个过程中并不是无辜的,或者至少在这个风险中不是无辜的,我并不是说它对人类解放的反思不够充分。相反,我将证明它的接受历史,以及政治经济学批判的理论建构,为迫使作者去神化人类主体提供了重要的理由,从而引起人们对这一缺失主体的关注。我将分两步解释这一看似矛盾的论点背后的原因。在论证的第一部分,我将考察马克思理论的发展,它被解读为放弃关于人类主体的话语的过程,而在第二部分,我将定位主体的命运和解放的视角,这是由该理论的内在原因引起的。最后,我将包括一些不受当前资本主义社会异化支配的人类主体性的特征,从而从前面的论点中提取一个富有成效的视角。
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