Plantas medicinais nativas brasileiras: por que conservar e preservar?

Bettina Monika Ruppelt
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O Brasil, como signatário e o país com a maior biodiversidade do mundo, tem assumido uma série de compromissos baseados nos três pilares da CDB: a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável da biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos. \nAs plantas medicinais nativas brasileiras, distribuídas nos seis biomas terrestres, são usadas há séculos pelas comunidades tradicionais e têm sido, muitas vezes, o único recurso terapêutico acessível a população. \nEmbora o Brasil sendo um país mega diverso rico em conhecimento tradicional a cerca do extrativismo, cultivo e uso terapêutico das plantas medicinais, poucos são os medicamentos fitoterápicos, produto tradicional fitoterápico e fitofármacos oriundos de plantas brasileiras com registro na ANVISA. Dentre os fitoterápicos registrados podemos citar a Mikania glomerata, Schinus terebinthifolius e Cordia curassavica. \nMikania glomerata Spreng, conhecida como guaco, guaco-liso, guaco-cheiroso e coração-de-jesus. Tradicionalmente, a folha é usada na forma de infuso e xarope no tratamento de doenças respiratórias como: asma, gripe, resfriado, tosse e bronquite. Estudos pré-clínicos apontam ação expectorante como uma das possíveis justificativas para o uso do guaco no tratamento das doenças respiratórias. Os estudos clínicos de fase I de dois xaropes compostos de guaco e outras plantas medicinais mostraram-se seguras em indivíduos saudáveis[1]. \nSchinus terebinthifolius Raddi, conhecida como aroeira-da-praia, aroeira-aroeira-pimenteira, e aroeira-vermelha. Tradicionalmente, o decocto das cascas é usado como banho de assento após o parto, como anti-inflamatório e cicatrizante. O infuso dos frutos e das folhas é usado para lavagem de feridas e úlceras. O estudo clínico de fase I utilizando o extrato aquoso de folhas apresentou boa tolerabilidade quando aplicado sobre a pele. O estudo de fase II utilizando o gel de aroeira no tratamento de vaginose bacteriana indicou a segurança e a eficácia do produto. Além de sugerir potenciais efeitos benéficos na flora vaginal[2]. \nCordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult., conhecida como erva-baleeira é uma planta nativa brasileira encontrada no litoral do Ceará ao Rio Grande do Sul. Tradicionalmente é usado como analgésico, anti-inflamatório e anti-úlcera. Estudos pré-clínicos têm confirmado a atividade anti-hipertensiva analgésica, anti-inflamatória e anti-úlcera do extrato hidroalcóolico 70% das folhas. Os estudos clínicos de fase I, II e III comprovaram a ação anti-inflamatória e tolerabilidade do creme contendo 0,5% de óleo essencial padronizado em 2,3-2,9% de α-humuleno. O lançamento do Acheflan®, pelo Laboratório Aché, foi um marco histórico para a indústria nacional de medicamentos. Vale ressaltar que, todas as etapas de pesquisa, ensaios clínicos e de desenvolvimento foram realizadas por instituições de pesquisa nacional[3], para esse medicamento fitoterápico e o consumido dentro da sua categoria. \nA biodiversidade brasileira é uma rica fonte de recursos para o país, não somente para a indústria de medicamentos fitoterápicos, mas também pelas oportunidades que representam sua conservação, uso sustentável e patrimônio genético. No entanto, as queimadas e o desflorestamento que tem ocorrido nos biomas brasileiros, são uma ameaça a descoberta de novos medicamentos de origem da biodiversidade brasileira. Quantas espécies de plantas, animais e micro-organismos podem ter sido extintas sem ao menos terem sido descritas e pesquisadas? \nCabe a nós proteger os recursos naturais, permitindo sua exploração e sua utilização de forma racional e sustentável, a fim de garantir sua disponibilidade para as futuras gerações e manter intocável as áreas de conservas ação ambiental.","PeriodicalId":305076,"journal":{"name":"Revista Fitos","volume":"26 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Fitos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.32712/2446-4775.2022.1482","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract

Em 05 de junho comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas durante a Conferência de Estocolmo, na Suécia, através da Resolução XXVII de 15 de dezembro de 1972. Todos os anos, nesse dia, diversas manifestações ocorrem em todo o mundo relembrando ao público, em geral, a importância e a necessidade da preservação do meio ambiente. Não podemos deixar de mencionar os trinta anos da Conferência ECO-92, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro de 3 a 14 de junho de 2022, durante a qual foi estabelecida a Convenção de Diversidade Biológica (CDB). O Brasil, como signatário e o país com a maior biodiversidade do mundo, tem assumido uma série de compromissos baseados nos três pilares da CDB: a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável da biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos. As plantas medicinais nativas brasileiras, distribuídas nos seis biomas terrestres, são usadas há séculos pelas comunidades tradicionais e têm sido, muitas vezes, o único recurso terapêutico acessível a população. Embora o Brasil sendo um país mega diverso rico em conhecimento tradicional a cerca do extrativismo, cultivo e uso terapêutico das plantas medicinais, poucos são os medicamentos fitoterápicos, produto tradicional fitoterápico e fitofármacos oriundos de plantas brasileiras com registro na ANVISA. Dentre os fitoterápicos registrados podemos citar a Mikania glomerata, Schinus terebinthifolius e Cordia curassavica. Mikania glomerata Spreng, conhecida como guaco, guaco-liso, guaco-cheiroso e coração-de-jesus. Tradicionalmente, a folha é usada na forma de infuso e xarope no tratamento de doenças respiratórias como: asma, gripe, resfriado, tosse e bronquite. Estudos pré-clínicos apontam ação expectorante como uma das possíveis justificativas para o uso do guaco no tratamento das doenças respiratórias. Os estudos clínicos de fase I de dois xaropes compostos de guaco e outras plantas medicinais mostraram-se seguras em indivíduos saudáveis[1]. Schinus terebinthifolius Raddi, conhecida como aroeira-da-praia, aroeira-aroeira-pimenteira, e aroeira-vermelha. Tradicionalmente, o decocto das cascas é usado como banho de assento após o parto, como anti-inflamatório e cicatrizante. O infuso dos frutos e das folhas é usado para lavagem de feridas e úlceras. O estudo clínico de fase I utilizando o extrato aquoso de folhas apresentou boa tolerabilidade quando aplicado sobre a pele. O estudo de fase II utilizando o gel de aroeira no tratamento de vaginose bacteriana indicou a segurança e a eficácia do produto. Além de sugerir potenciais efeitos benéficos na flora vaginal[2]. Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult., conhecida como erva-baleeira é uma planta nativa brasileira encontrada no litoral do Ceará ao Rio Grande do Sul. Tradicionalmente é usado como analgésico, anti-inflamatório e anti-úlcera. Estudos pré-clínicos têm confirmado a atividade anti-hipertensiva analgésica, anti-inflamatória e anti-úlcera do extrato hidroalcóolico 70% das folhas. Os estudos clínicos de fase I, II e III comprovaram a ação anti-inflamatória e tolerabilidade do creme contendo 0,5% de óleo essencial padronizado em 2,3-2,9% de α-humuleno. O lançamento do Acheflan®, pelo Laboratório Aché, foi um marco histórico para a indústria nacional de medicamentos. Vale ressaltar que, todas as etapas de pesquisa, ensaios clínicos e de desenvolvimento foram realizadas por instituições de pesquisa nacional[3], para esse medicamento fitoterápico e o consumido dentro da sua categoria. A biodiversidade brasileira é uma rica fonte de recursos para o país, não somente para a indústria de medicamentos fitoterápicos, mas também pelas oportunidades que representam sua conservação, uso sustentável e patrimônio genético. No entanto, as queimadas e o desflorestamento que tem ocorrido nos biomas brasileiros, são uma ameaça a descoberta de novos medicamentos de origem da biodiversidade brasileira. Quantas espécies de plantas, animais e micro-organismos podem ter sido extintas sem ao menos terem sido descritas e pesquisadas? Cabe a nós proteger os recursos naturais, permitindo sua exploração e sua utilização de forma racional e sustentável, a fim de garantir sua disponibilidade para as futuras gerações e manter intocável as áreas de conservas ação ambiental.
6月5日,我们纪念联合国大会在瑞典斯德哥尔摩会议期间通过1972年12月15日第XXVII号决议设立的世界环境日。每年的这一天,世界各地都会举行各种活动,提醒公众保护环境的重要性和必要性。我们不能不提到ECO-92会议30周年,这是第一次联合国环境与发展会议,于2022年6月3日至14日在里约热内卢举行,在此期间建立了生物多样性公约(cbd)。巴西签署和国家是世界上最大的生物多样性,采取了一系列的cbd的基于三大承诺:生物多样性保护、生物多样性的可持续利用和分配利益的公平公正,遗传资源的使用。巴西本土药用植物分布在六个陆地生物群落中,传统社区已经使用了几个世纪,而且往往是人们获得的唯一治疗资源。尽管巴西在药用植物的提取、种植和治疗方面有着丰富的传统知识,但从ANVISA注册的巴西植物中提取的草药、传统草药产品和植物药物却很少。在注册的草药中,我们可以提到薇甘菊、松香和紫堇。薇甘菊,被称为鳄梨,鳄梨素,鳄梨香和耶稣的心。传统上,叶子以冲剂和糖浆的形式用于治疗呼吸系统疾病,如哮喘、流感、感冒、咳嗽和支气管炎。临床前研究指出,祛痰作用是使用鳄梨治疗呼吸系统疾病的可能理由之一。两种由鳄梨和其他药用植物组成的糖浆在健康个体[1]中被证明是安全的。Schinus terebinthifolius Raddi,被称为aroeira-da-praia, aroeira-aroeira-pimenteira和aroeira-vermelha。传统上,树皮汤剂被用作分娩后的坐垫浴,作为消炎和愈合。果实和叶子的浸渍用于清洗伤口和溃疡。使用叶水提取物的I期临床研究显示,当应用于皮肤时,耐受性良好。使用aroeira凝胶治疗细菌性阴道病的II期研究表明该产品的安全性和有效性。此外,还表明对阴道菌群[2]有潜在的有益作用。科迪亚·库拉萨维卡(Jacq.)了咬。& schultz。被称为erva-baleeira是一种巴西本土植物,发现于ceara海岸到里约热内卢Grande do Sul。传统上用作止痛、消炎和抗溃疡药。临床前研究证实70%叶水醇提取物具有镇痛、抗高血压、抗炎、抗溃疡活性。I期、II期和III期临床研究证实了含有0.5%精油(标准为2.3 - 2.9% α-腐殖酸烯)的乳膏的抗炎作用和耐受性。ache实验室推出的Acheflan®是国家医药行业的一个历史性里程碑。值得注意的是,所有的研究阶段、临床试验和开发都是由国家研究机构[3]进行的,对于这种草药和在其类别内消费的草药。巴西的生物多样性是该国丰富的资源来源,不仅对草药工业,而且对其保护、可持续利用和遗传遗产所代表的机会也是如此。然而,在巴西生物群落中发生的火灾和森林砍伐对巴西生物多样性的新药物发现构成了威胁。有多少种植物、动物和微生物在没有被描述和研究的情况下就灭绝了?我们有责任保护自然资源,以合理和可持续的方式开发和利用自然资源,以确保子孙后代能够获得自然资源,并保持环境行动保护区不可侵犯。
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