MEMÓRIA DAS DITADURAS DA ARGENTINA (1976-83) E DO CHILE (1973-90): CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS EM INSTITUIÇÕES LATINOAMERICANAS

Abstract

Este artigo analisa instituições argentinas e chilenas dedicadas à história das ditaduras dos respectivos países. As instituições argentinas em análise são o Sitio de la Memoria ESMA e o complexo adjacente, localizado em uma antiga escola da marinha na cidade de Buenos Aires. A localidade portenha foi utilizada para sequestro, desaparecimento, trabalhos forçados e morte de ativistas contrários à ditadura (1976-83). Em Santiago, são analisados o Museo Memoria y los Derechos Humanos, que discute diversos aspectos da ditadura chilena (1973-90), bem como a Villa Grimaldi, parque que abrigou instalações estatais clandestinas, onde houve graves violações de direitos humanos. Argumenta-se que as localidades argentinas e chilenas convergem por terem surgido no contexto da Maré Rosa, ou Pink Tide (final da década de 1990 até meados dos anos 2010), mas divergem em estratégias narrativas, bem como em termos de escolhas arquitetônicas e escopo. O artigo também traz uma discussão sobre o conceito de Maré Rosa, suas limitações, críticas da literatura acadêmica sobre este, bem como a relação das instituições em análise com a referida expressão. Conclui-se que, a despeito de entraves teóricos nos últimos anos, pode-se afirmar que tanto na Argentina quanto no Chile esses museus e memoriais são frutos do contexto da Maré Rosa, que trouxe uma maior discussão sobre direitos humanos, favorecendo a adoção de políticas públicas a eles atinentes.