{"title":"A LINGUAGEM POÉTICA PRESENTE NA NARRATIVA BICHOS DE CONCHAS, DE GLÁUCIA LEMOS","authors":"Celso Kallarrari","doi":"10.53500/msg.v2i2.12433","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Pretendemos, neste artigo, apresentar o romance Bichos de Conchas (2008), de Gláucia Lemos, como uma narrativa em prosa cuja linguagem dá margens para perceber nela a poesia. A partir do trabalho cuidadoso feito com as palavras, a autora traz à luz uma linguagem poética; ao mesmo tempo, acessível, simples, mas profunda e, sobretudo, lírica, realista e ficcional, porque o texto literário não pode perder sua aura mágica. Ora é Celeste, a narradora-personagem, quem toma as rédeas da narração, ora é o narrador-onipresente quem busca preencher as lacunas que o texto, quando narrado na primeira pessoa, não consegue, por si só, fazê-lo, de modo que percebemos, na leitura, que há harmonia e desarmonia nas trocas de narração quando se faz alternâncias de narradores entre os 20 capítulos. Ao nosso ver, é na trama da narrativa, conforme nos orienta Benjamin (2012), ou seja, no enredo bem construído, no domínio da palavra, da prosa poética (MOISÉS, 2012), que a autora busca descrever as agruras e os sabores da vida humana. Para tanto, dependerá do leitor, da sua formação, do seu prazer e fruição (BARHTES, 2002), mas também de como esta escrita se apresenta porque, no momento presente, “não é fácil a leitura de livros, não é fácil conseguir leitor de livros” (SANTIAGO, 2014, p. 118), porque “a obra somente é obra quando se converte na intimidade aberta de alguém que a escreveu e de alguém que a leu” (BLANCHOT, 2011). Em Bichos de Conchas, é possível sentir esse alumbramento de palavras, de palavras que querem dizer, que querem expressar-se em emoções como num conjunto inseparável da poetisa, da contista e, nesse momento, da romancista. ","PeriodicalId":233825,"journal":{"name":"Missangas: Estudos em Literatura e Linguística","volume":"17 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-08-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Missangas: Estudos em Literatura e Linguística","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.53500/msg.v2i2.12433","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Pretendemos, neste artigo, apresentar o romance Bichos de Conchas (2008), de Gláucia Lemos, como uma narrativa em prosa cuja linguagem dá margens para perceber nela a poesia. A partir do trabalho cuidadoso feito com as palavras, a autora traz à luz uma linguagem poética; ao mesmo tempo, acessível, simples, mas profunda e, sobretudo, lírica, realista e ficcional, porque o texto literário não pode perder sua aura mágica. Ora é Celeste, a narradora-personagem, quem toma as rédeas da narração, ora é o narrador-onipresente quem busca preencher as lacunas que o texto, quando narrado na primeira pessoa, não consegue, por si só, fazê-lo, de modo que percebemos, na leitura, que há harmonia e desarmonia nas trocas de narração quando se faz alternâncias de narradores entre os 20 capítulos. Ao nosso ver, é na trama da narrativa, conforme nos orienta Benjamin (2012), ou seja, no enredo bem construído, no domínio da palavra, da prosa poética (MOISÉS, 2012), que a autora busca descrever as agruras e os sabores da vida humana. Para tanto, dependerá do leitor, da sua formação, do seu prazer e fruição (BARHTES, 2002), mas também de como esta escrita se apresenta porque, no momento presente, “não é fácil a leitura de livros, não é fácil conseguir leitor de livros” (SANTIAGO, 2014, p. 118), porque “a obra somente é obra quando se converte na intimidade aberta de alguém que a escreveu e de alguém que a leu” (BLANCHOT, 2011). Em Bichos de Conchas, é possível sentir esse alumbramento de palavras, de palavras que querem dizer, que querem expressar-se em emoções como num conjunto inseparável da poetisa, da contista e, nesse momento, da romancista.