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Abstract
Esse artigo investiga alguns aspectos da dialética materialista de Adorno, com particular atenção a seus Três Estudos sobre Hegel. Enquanto a filosofia de Adorno é lida frequentemente ”“ tanto por críticos habermasianos quanto por leitores mais favoráveis ”“ como uma “crítica da razão instrumental” visando uma mera refutação da tese hegeliana da identidade sujeito-objeto, é sugerido aqui que essa tese desenvolve um papel crucial em Adorno enquanto momento dialético. Em primeiro lugar, é esboçada a visão adorniana da essência objetiva da dialética, implicando que elementos materialistas já estão presentes no próprio Hegel. A possibilidade transcendente da utopia deve ser concebida, portanto, como uma “possibilidade real” fundada na estrutura da experiência imanente. Em seguida, é posta a questão de qual seria, segundo Adorno, o elemento efetivamente falso em Hegel. Através de um exame de alguns conceitos centrais da dialética negativa ”“ a prova ontológica da existência de Deus, o primado do objeto, a contingência do antagonismo, a gênese histórica do Eu freudiano ”“ mostra-se que a crítica adorniana de Hegel é dirigida à ontologização idealista do trabalho, e, portanto, do sujeito ”“ que é, por sua vez, uma forma de trabalho. Finalmente, aponta-se brevemente para um possível resultado prático da dialética negativa, que consistiria na superação do trabalho através do trabalho, ou seja, em uma concepção da abolição da forma-mercadoria que seja dialética, negativa e baseada na aceitação do Estado de direito.