{"title":"BECOS DA MEMÓRIA E OS PERCURSOS DO RELATO TESTEMUNHAL DE MARIA-NOVA","authors":"Weslei Roberto Candido","doi":"10.22456/2594-8962.116120","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente artigo tem como objetivo discutir o percurso fragmentário do discurso memorialístico e testemunhal em Becos da Memória (2017), de Conceição Evaristo. Na narrativa, Maria-Nova, menina que habita uma favela em processo de desfavelamento, percorre os becos recolhendo as memórias dos adultos e guardando-as para si. Em um processo de sofrimento, porque a menina gostava daquelas histórias mais tristes e, também, porque trazia dentro de si uma tristeza que não sabia explicar, ela vai tecendo uma colcha de retalhos com as memórias dos habitantes da favela. Como afirma Maurice Halbwachs (2003), nenhuma memória é totalmente individual, mas fruto de uma coletividade. Deste modo, as memórias recolhidas por Maria-Nova compõem um mosaico com as vidas individuais dos moradores da favela, alçando as narrativas ao registro de uma coletividade. Maria-Nova é colocada como testemunha do desmantelamento da favela onde habita. Testemunha-se um excesso de realidade (SELIGMANN-SILVA, 2003), que se plasma no discurso memorial de Maria-Nova sob o impacto do desaparecimento da favela. Portanto, é nesta perspectiva do testemunho que o artigo discutirá a memória como preservação do passado, principalmente, daquele passado incômodo, habitado pelos excluídos da sociedade, que ganham voz dentro da obra de Conceição Evaristo.","PeriodicalId":126634,"journal":{"name":"Revista Conexão Letras","volume":"9 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-01-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Conexão Letras","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22456/2594-8962.116120","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O presente artigo tem como objetivo discutir o percurso fragmentário do discurso memorialístico e testemunhal em Becos da Memória (2017), de Conceição Evaristo. Na narrativa, Maria-Nova, menina que habita uma favela em processo de desfavelamento, percorre os becos recolhendo as memórias dos adultos e guardando-as para si. Em um processo de sofrimento, porque a menina gostava daquelas histórias mais tristes e, também, porque trazia dentro de si uma tristeza que não sabia explicar, ela vai tecendo uma colcha de retalhos com as memórias dos habitantes da favela. Como afirma Maurice Halbwachs (2003), nenhuma memória é totalmente individual, mas fruto de uma coletividade. Deste modo, as memórias recolhidas por Maria-Nova compõem um mosaico com as vidas individuais dos moradores da favela, alçando as narrativas ao registro de uma coletividade. Maria-Nova é colocada como testemunha do desmantelamento da favela onde habita. Testemunha-se um excesso de realidade (SELIGMANN-SILVA, 2003), que se plasma no discurso memorial de Maria-Nova sob o impacto do desaparecimento da favela. Portanto, é nesta perspectiva do testemunho que o artigo discutirá a memória como preservação do passado, principalmente, daquele passado incômodo, habitado pelos excluídos da sociedade, que ganham voz dentro da obra de Conceição Evaristo.