Aura na música eletrônica de concerto

Henrique Flávio Rodrigues da Silveira
{"title":"Aura na música eletrônica de concerto","authors":"Henrique Flávio Rodrigues da Silveira","doi":"10.36592/9786587424996-13","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Frank Cox, em seu artigo Aura e Musica Eletronica (2006), tece uma critica a manutencao na contemporaneidade dos pressupostos que existiam no inicio da musica eletronica de concerto e propoe encaminhamentos esteticos alternativos. Segundo o autor, a musica eletronica, com a sua presenca tornada ubiqua e sua artificialidade naturalizada, teria perdido sua vivacidade. A solucao, entretanto, nao passaria por aproximar-se ao modelo pos-auratico da obra de arte, tal como proposto por Walter Benjamin em seu celebre ensaio (2012), eliminando toda aura; tampouco seria o caso de criar um simulacro eletronico a ela, mas sim de criar um novo tipo de aura, guiada por ideais projetivos inerentes em uma peca musical eletronica. Uma \"aura virtual\", honorifica e que indica ria que se est aria em presenca de uma totalidade artistica unica. Mas de que maneira essa nova proposicao remete ao texto de Benjamin? A musica e, pois, alografica, no sentido dado por Goodman (1976): nao ha distincao entre uma obra falsa e uma original implicando que uma copia a mais exata possivel nao conte como genuina. A aura deve, portanto, dar-se na relacao de identidade musical da obra, nao possuindo um suporte material unico. Torna-se possivel acompanhar a trajetoria identitaria em termos de diferentes abordagens na performance, interpretacoes variadas e uma historia de seus suportes e notacoes, bem como de execucoes. Entretanto, o paradigma fundacional criticado por Cox dispensaria a aura por buscar (i) uma grande disponibilidade para a reproducao; (ii) reproducoes sempre iguais; (iii) uma relacao de imediaticidade com o ouvinte. E entao Adorno que permite desviar o caminho e iluminar a proposta de Cox. Ja numa carta a Benjamin (2013), enfatiza a ideia do valor de culto e defende o carater autonomo da obra de arte nao-reprodutivel, que ainda mesclaria em seu cerne de modo dialetico o magico e o signo da liberdade. Assim, liga a ideia de aura a de consistencia artistica e necessidade de expressao numa obra que, ao buscar uma unicidade especial, faz emergir , no polo de sua autenticidade, o seu carater auratico. Com isso, reavaliamos Cox e identificamos na sua proposta um retorno a ideias modernistas onde (i) a musica eletronica de concerto procur a se adequar ao paradigma da obra de arte orgânica , e (ii) seu contexto de execucao e feito equivalente ao de uma performance de musica contemporânea de concerto. Isto seria uma reaproximacao ao carater simbolico, de todo orgânico, que tracaria suas condicoes de fruicao a partir de uma tradicao, em contraposicao ao que seria alegorico, fragmentario, ligado a uma atitude apropriativa-interpretativa. Mas e o que Cox trata como fulguracao? Em sua proposta, o que deveria ser procurado e o sentido de completude que remete ao contato com uma vida propria, que cintila dentro de si mesma. Na musica eletronica, essa fulguracao seria figurada, isto e, incluida no plano composicional de modo a distribuir no todo a unicidade como identidade e nao apenas o unico como identificacao. E por essa ligacao com uma cintilacao, um instante, que a nocao de aparicao, de Adorno (2008), e posta, ao final, e contraposta com a de aura. Pois se a musica de Schoenberg nao seria auratica (A DORNO , 2013, p. 211-2), nao seria melhor caracterizar essa \"nova aura\" como uma \"aparicao\"? E como tratar a ideia de figuracao a partir desse adicional que, emergindo da coerencia interna da obra, lhe opoe? Referencias Bibliograficas ADORNO, T. W.; BENJAMIM, W.. Correspondencia 1928-1940 Adorno-Benjamin. Trad. Jose Marcos Mariani de Macedo. Sao Paulo: Editora Unesp, 2013. ADORNO, T. W.. Teoria Estetica . Trad. Artur Morao. Lisboa: Edicoes 70, 2008. BENJAMIN, W.. A obra de arte na epoca de sua reprodutibilidade tecnica . Trad. Francisco de Ambrosis Pinheiro Machado. Porto Alegre: Zouk Editora, 2012. Cox, F.. Aura and Electronic Music. In: MAHNKOPF, C.-S.; COX, F.; SCHURIG, W. (Ed.). Electronics in New Music . Freiburg: Verlag Neue Musik (Corbett), 2006. p. 52-66. GOODMAN, N.. Languages of Art . Indianopolis: Hackett Publishing, 1976.","PeriodicalId":418975,"journal":{"name":"Música, Linguagens e Sensibilidades: Ensaios","volume":"10 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-09-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Música, Linguagens e Sensibilidades: Ensaios","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.36592/9786587424996-13","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

Abstract

Frank Cox, em seu artigo Aura e Musica Eletronica (2006), tece uma critica a manutencao na contemporaneidade dos pressupostos que existiam no inicio da musica eletronica de concerto e propoe encaminhamentos esteticos alternativos. Segundo o autor, a musica eletronica, com a sua presenca tornada ubiqua e sua artificialidade naturalizada, teria perdido sua vivacidade. A solucao, entretanto, nao passaria por aproximar-se ao modelo pos-auratico da obra de arte, tal como proposto por Walter Benjamin em seu celebre ensaio (2012), eliminando toda aura; tampouco seria o caso de criar um simulacro eletronico a ela, mas sim de criar um novo tipo de aura, guiada por ideais projetivos inerentes em uma peca musical eletronica. Uma "aura virtual", honorifica e que indica ria que se est aria em presenca de uma totalidade artistica unica. Mas de que maneira essa nova proposicao remete ao texto de Benjamin? A musica e, pois, alografica, no sentido dado por Goodman (1976): nao ha distincao entre uma obra falsa e uma original implicando que uma copia a mais exata possivel nao conte como genuina. A aura deve, portanto, dar-se na relacao de identidade musical da obra, nao possuindo um suporte material unico. Torna-se possivel acompanhar a trajetoria identitaria em termos de diferentes abordagens na performance, interpretacoes variadas e uma historia de seus suportes e notacoes, bem como de execucoes. Entretanto, o paradigma fundacional criticado por Cox dispensaria a aura por buscar (i) uma grande disponibilidade para a reproducao; (ii) reproducoes sempre iguais; (iii) uma relacao de imediaticidade com o ouvinte. E entao Adorno que permite desviar o caminho e iluminar a proposta de Cox. Ja numa carta a Benjamin (2013), enfatiza a ideia do valor de culto e defende o carater autonomo da obra de arte nao-reprodutivel, que ainda mesclaria em seu cerne de modo dialetico o magico e o signo da liberdade. Assim, liga a ideia de aura a de consistencia artistica e necessidade de expressao numa obra que, ao buscar uma unicidade especial, faz emergir , no polo de sua autenticidade, o seu carater auratico. Com isso, reavaliamos Cox e identificamos na sua proposta um retorno a ideias modernistas onde (i) a musica eletronica de concerto procur a se adequar ao paradigma da obra de arte orgânica , e (ii) seu contexto de execucao e feito equivalente ao de uma performance de musica contemporânea de concerto. Isto seria uma reaproximacao ao carater simbolico, de todo orgânico, que tracaria suas condicoes de fruicao a partir de uma tradicao, em contraposicao ao que seria alegorico, fragmentario, ligado a uma atitude apropriativa-interpretativa. Mas e o que Cox trata como fulguracao? Em sua proposta, o que deveria ser procurado e o sentido de completude que remete ao contato com uma vida propria, que cintila dentro de si mesma. Na musica eletronica, essa fulguracao seria figurada, isto e, incluida no plano composicional de modo a distribuir no todo a unicidade como identidade e nao apenas o unico como identificacao. E por essa ligacao com uma cintilacao, um instante, que a nocao de aparicao, de Adorno (2008), e posta, ao final, e contraposta com a de aura. Pois se a musica de Schoenberg nao seria auratica (A DORNO , 2013, p. 211-2), nao seria melhor caracterizar essa "nova aura" como uma "aparicao"? E como tratar a ideia de figuracao a partir desse adicional que, emergindo da coerencia interna da obra, lhe opoe? Referencias Bibliograficas ADORNO, T. W.; BENJAMIM, W.. Correspondencia 1928-1940 Adorno-Benjamin. Trad. Jose Marcos Mariani de Macedo. Sao Paulo: Editora Unesp, 2013. ADORNO, T. W.. Teoria Estetica . Trad. Artur Morao. Lisboa: Edicoes 70, 2008. BENJAMIN, W.. A obra de arte na epoca de sua reprodutibilidade tecnica . Trad. Francisco de Ambrosis Pinheiro Machado. Porto Alegre: Zouk Editora, 2012. Cox, F.. Aura and Electronic Music. In: MAHNKOPF, C.-S.; COX, F.; SCHURIG, W. (Ed.). Electronics in New Music . Freiburg: Verlag Neue Musik (Corbett), 2006. p. 52-66. GOODMAN, N.. Languages of Art . Indianopolis: Hackett Publishing, 1976.
音乐会电子音乐中的光环
弗兰克·考克斯(Frank Cox)在他的文章《Aura e Musica Eletronica》(2006)中,批评了电子音乐会音乐开始时存在的假设在当代的维持,并提出了替代的美学方向。根据作者的说法,电子音乐,随着它的存在无处不在,它的人为自然化,将失去它的活力。然而,解决方案不是像沃尔特·本杰明(Walter Benjamin)在他著名的文章(2012)中提出的那样,接近艺术作品的后auratico模型,消除所有的光环;它也不会为它创造一个电子模拟,而是创造一种新的光环,由电子音乐中固有的投射理想引导。这是一种荣誉的“虚拟光环”,表明一个独特的艺术整体正在出现。但是这个新命题如何与本雅明的文本相关联呢?因此,在古德曼(1976)给出的意义上,音乐是alografica:在赝品和原作之间没有区别,这意味着尽可能准确的复制品不能算作真品。因此,光环必须发生在作品的音乐身份的关系中,没有单一的物质支持。根据不同的表演方法、不同的解释、支持和注释的历史以及表演,可以遵循身份轨迹。然而,考克斯批评的基本范式将免除寻求(i)大量繁殖可用性的光环;(ii)复制总是相同的;(iii)与听者的直接关系。然后是装饰,让我们可以改变方向,照亮考克斯的提议。Ja在给Benjamin(2013)的一封信中,强调了崇拜价值的理念,并捍卫了非生殖艺术作品的自治特征,这仍然以一种辩证的方式将魔法和自由的标志融合在其核心。因此,它将光环的概念与艺术的一致性和表达的需要联系在一起,在寻求一种特殊的独特性的作品中,在其真实性的极点上,它的光环特征出现了。寇,评估和识别在建议投资的想法(我)在现代音乐的音乐会不知道在电子科技有机的艺术模式,(2)执行的上下文,相当于一个当代音乐会上的演出。这将是对整个有机的象征特征的一种重新接近,它将从传统中追溯其果实的条件,而不是寓言的,零碎的,与一种挪用-解释的态度相联系。但是考克斯认为什么是闪电呢?在他的建议中,应该寻找的是一种完整的感觉,它指的是与自己的生命接触,在自己的内心闪烁。在电子音乐中,这种闪电将被描绘出来,也就是说,包括在作曲计划中,以便将统一性作为一种身份,而不仅仅是一种身份,传播到整个世界。通过这种与闪烁的联系,一个瞬间,阿多诺(2008)的nocao de aparicao,被放置在最后,并与aura的对比。因为如果勋伯格的音乐不是auratica (a DORNO, 2013, p. 211-2),那么将这种“新光环”描述为“aparicao”不是更好吗?如何处理具象的想法,从这个额外的,从作品的内在连贯性中浮现出来?参考书目阿多诺,t.w.;福,W。1928-1940阿多诺-本杰明通信。反式。马塞多的何塞·马科斯·马里亚尼。Sao保罗:Unesp出版社,2013。阿多诺,t.w.。美学理论。反式。亚瑟Morao。里斯本:Edicoes 70, 2008。班杰明,W。艺术作品在其技术再现的时代。反式。弗朗西斯科·德·安布罗斯·皮涅罗·马查多。他的父亲是一名律师,母亲是一名律师。考克斯(F。这首歌在美国公告牌百强单曲榜上排名第四。= =地理= =根据美国人口普查,该镇的土地面积为。考克斯·;SCHURIG, W.(编)。他的父亲是一名律师,母亲是一名律师。= =地理= =根据美国人口普查,该镇的土地面积为。-66页。古德曼,N。《艺术语言》。= =地理= =根据美国人口普查,该县的总面积为,其中土地和(1.)水。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
求助全文
约1分钟内获得全文 求助全文
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
0
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:481959085
Book学术官方微信