{"title":"A CONTRATRANSFERÊNCIA NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO ATUANTE NO SISTEMA PRISIONAL","authors":"D. Mantovani","doi":"10.37885/200400171","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O estudo da criminalidade, do encarceramento e das consequências dele na saúde mental dos apenados tem exigido que a prática do profissional psicólogo se adeque a um setting totalmente diferente do consultório particular. Considerando esta importância conceitual para a prática clínica, e que atualmente a psicologia encontra-se inserida no contexto de atendimentos no sistema prisional, considerase relevante levantar a hipótese sobre a possível existência de um tipo de contratransferência específica nesse caso. Para tanto, descreve-se como ocorre o trabalho de um psicólogo em uma penitenciária. Em seguida são expostos pontos que mostram a especificidade da contratransferência no contexto prisional, expondo suas particularidades, características e possível manejo. Entre essas características, tem-se que, devido a todos os atendimentos serem escoltados por um agente penitenciário, as projeções e introjeções do psicólogo incidem sobre esses dois personagens, saindo, então, da tradicional relação dual que ocorre nos consultórios particulares, para uma relação triangular. Contratransferencialmente, o escoltante e a estrutura da segurança pública que gerencia a penitenciária tornam-se depositários da projeção do superego, pressionando o psicólogo, de forma inconsciente; e o paciente-apenado-criminoso torna-se depositário da projeção do id do profissional, que se verá defrontado a seu lado instintivo primitivo; restando ele próprio como ego-mediador entre esses dois eixos contratransferenciais.Manejar tal contratransferência torna-se de suma importância em uma instituição muitas vezes hostil à prática psicológica e na qual o sofrimento humano se revela de forma dramaticamente crua. CAPÍTULO 3","PeriodicalId":119833,"journal":{"name":"Psicologia: Desafios, Perspectivas e Possibilidades - Volume 1","volume":"32 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"1900-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Psicologia: Desafios, Perspectivas e Possibilidades - Volume 1","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.37885/200400171","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O estudo da criminalidade, do encarceramento e das consequências dele na saúde mental dos apenados tem exigido que a prática do profissional psicólogo se adeque a um setting totalmente diferente do consultório particular. Considerando esta importância conceitual para a prática clínica, e que atualmente a psicologia encontra-se inserida no contexto de atendimentos no sistema prisional, considerase relevante levantar a hipótese sobre a possível existência de um tipo de contratransferência específica nesse caso. Para tanto, descreve-se como ocorre o trabalho de um psicólogo em uma penitenciária. Em seguida são expostos pontos que mostram a especificidade da contratransferência no contexto prisional, expondo suas particularidades, características e possível manejo. Entre essas características, tem-se que, devido a todos os atendimentos serem escoltados por um agente penitenciário, as projeções e introjeções do psicólogo incidem sobre esses dois personagens, saindo, então, da tradicional relação dual que ocorre nos consultórios particulares, para uma relação triangular. Contratransferencialmente, o escoltante e a estrutura da segurança pública que gerencia a penitenciária tornam-se depositários da projeção do superego, pressionando o psicólogo, de forma inconsciente; e o paciente-apenado-criminoso torna-se depositário da projeção do id do profissional, que se verá defrontado a seu lado instintivo primitivo; restando ele próprio como ego-mediador entre esses dois eixos contratransferenciais.Manejar tal contratransferência torna-se de suma importância em uma instituição muitas vezes hostil à prática psicológica e na qual o sofrimento humano se revela de forma dramaticamente crua. CAPÍTULO 3