{"title":"APRENDENDO COM O NHANDEREKÓ","authors":"Caroline Willrich","doi":"10.51360/zh4.202112-13-p.84-98","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente artigo nasceu de uma série de reflexões sobre as mudanças climáticas, tema que tem sido recorrente em qualquer campo da ciência e em qualquer lugar do planeta, principalmente no que se refere ao motivo pelo qual a humanidade vem destruindo seu próprio meio físico. Porém, de acordo com a UNESCO, “o grande responsável por atravessar os limites biogeofísicos do planeta é o humano ocidental e um sistema econômico específico”, não a humanidade (2018, p.05). Para comprovar esta afirmação, realizei uma investigação baseada em teorias econômicas e em literaturas críticas do colonialismo que evidenciam como o modelo de desenvolvimento ocidental, baseado no sistema de mercado, separou os seres humanos da natureza, tornando-a um objeto de exploração, enquanto os povos originários do Sul mantiveram uma relação harmoniosa com a natureza e com outros humanos, seu modo de vida, o que induz fazerem uso de outros princípios. Mesmo com a presença de diferentes povos indígenas em todo o território brasileiro, o padrão civilizatório que se desenvolveu nesse foi o ocidental, desconsiderando o conhecimento ancestral dos povos originários sobre os Biomas que habitam, bem como seus modos de vida derivados de uma relação íntima com a natureza. Segundo a Fundação Nacional do Índio – FUNAI (2018), não só na faixa amazônica vivem indígenas. As terras ocupadas tradicionalmente pelo Povo Guarani no Brasil são aquelas onde ocorre o maior número de conflitos de demarcação de terras indígenas do País. Acredita-se que nessas sociedades eles mantém seu modo de vida, sua cultura, mesmo sob a hegemonia global de um modelo eurocêntrico pela sociedade envolvente. A abordagem deste artigo é interdisciplinar e intercultural de caráter exploratório e qualitativo pelo processo investigativo, que se baseia numa revisão da literatura e numa observação participante realizada nas aldeias Guarani Mbya do litoral do Paraná como métodos. À luz de categorias teóricas decorrentes da: Teoria dos Sítios de Pertencimento (ZAOUAL, 2003), Economia Substantiva (POLANYI, 2000), Dádiva (MAUSS, 2003), Reciprocidade (SABOURIN, 2011), Identidade (HALL, 2003), Liberdades Humanas (SEN, 2010).","PeriodicalId":117713,"journal":{"name":"Pensamentos Para Um Mundo em Transição","volume":"49 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Pensamentos Para Um Mundo em Transição","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.51360/zh4.202112-13-p.84-98","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
O presente artigo nasceu de uma série de reflexões sobre as mudanças climáticas, tema que tem sido recorrente em qualquer campo da ciência e em qualquer lugar do planeta, principalmente no que se refere ao motivo pelo qual a humanidade vem destruindo seu próprio meio físico. Porém, de acordo com a UNESCO, “o grande responsável por atravessar os limites biogeofísicos do planeta é o humano ocidental e um sistema econômico específico”, não a humanidade (2018, p.05). Para comprovar esta afirmação, realizei uma investigação baseada em teorias econômicas e em literaturas críticas do colonialismo que evidenciam como o modelo de desenvolvimento ocidental, baseado no sistema de mercado, separou os seres humanos da natureza, tornando-a um objeto de exploração, enquanto os povos originários do Sul mantiveram uma relação harmoniosa com a natureza e com outros humanos, seu modo de vida, o que induz fazerem uso de outros princípios. Mesmo com a presença de diferentes povos indígenas em todo o território brasileiro, o padrão civilizatório que se desenvolveu nesse foi o ocidental, desconsiderando o conhecimento ancestral dos povos originários sobre os Biomas que habitam, bem como seus modos de vida derivados de uma relação íntima com a natureza. Segundo a Fundação Nacional do Índio – FUNAI (2018), não só na faixa amazônica vivem indígenas. As terras ocupadas tradicionalmente pelo Povo Guarani no Brasil são aquelas onde ocorre o maior número de conflitos de demarcação de terras indígenas do País. Acredita-se que nessas sociedades eles mantém seu modo de vida, sua cultura, mesmo sob a hegemonia global de um modelo eurocêntrico pela sociedade envolvente. A abordagem deste artigo é interdisciplinar e intercultural de caráter exploratório e qualitativo pelo processo investigativo, que se baseia numa revisão da literatura e numa observação participante realizada nas aldeias Guarani Mbya do litoral do Paraná como métodos. À luz de categorias teóricas decorrentes da: Teoria dos Sítios de Pertencimento (ZAOUAL, 2003), Economia Substantiva (POLANYI, 2000), Dádiva (MAUSS, 2003), Reciprocidade (SABOURIN, 2011), Identidade (HALL, 2003), Liberdades Humanas (SEN, 2010).