Ana Júlia da Silva Nogueira, Noézia Maria Ramos, Jussara Goulart Da Silva, Odilon José de Oliveira Neto
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Abstract
O presente artigo argumenta que as mudanças no contexto mundial em relação à organização do trabalho, estrutura funcional, visão do indivíduo no trabalho, bem como função e lugar do trabalho na sociedade, são temas cada vez mais pertinentes. O objeto de estudo foi uma cooperativa de reciclagem e por ser uma prática que surgiu diante da precarização do trabalho decorrente do modo de produção capitalista, o tema é justificável e relevante. O presente artigo teve como objetivo geral analisar as vivências de trabalho dos recicladores da cooperativa Copercicla e especificamente analisou a organização, as condições e as relações de trabalho; Mensurou as vivências de prazer e sofrimento no trabalho; e, Verificou as estratégias de enfrentamento. Como referencial teórico percebeu-se que a conceituação da psicodinâmica do trabalho iniciada na década de 1950 com Dejours foi fundamental pois o trabalho não é apenas uma atividade, mas uma forma de relação social caracterizado por relações de desigualdade, de poder e de dominação. Esse conflito pode dar origem ao sofrimento, ou criar uma estratégia defensiva que são mecanismos transformadores da realidade que o faz sofrer. A metodologia adotada foi caráter qualitativo, embasada no aporte teórico da Psicodinâmica do trabalho. Por meio de entrevistas individuais semiestruturadas e observação direta participante do dia-a-dia de trabalho foram analisadas: a organização do trabalho; as Condições do trabalho; as Relações de trabalho; as Vivências de prazer e sofrimento e as Estratégias de enfrentamento no trabalho. Optou-se para analisar os dados a análise de conteúdo a partir da fala dos cooperados. Nos resultados uma categoria mereceu destaque, a que diz respeito às relações de trabalho estabelecidas na cooperativa. Identificou-se que, as mesmas são vivenciadas como sendo “uma das coisas mais difíceis” de se trabalhar em uma cooperativa, pois estas são consideradas pesadas e complicadas, conduzindo aos cooperados a preferência pelo trabalho realizado na rua. Essa preferência deixa implícito o fato do sentimento de liberdade e menos pressão. Concluiu-se que, mesmo os resultados demonstrando um trabalho árduo, mesmo não existindo reconhecimento da sociedade, as vivências de trabalho experienciadas por eles perpassam pela lógica do próprio reconhecimento. No entanto, as condições e relações de trabalho na cooperativa merecem atenção pois desencadeiam sofrimento e resistência, o que muitas vezes, prejudica o rendimento do trabalho coletivo.