{"title":"Estigmas religiosos em espaços escolares: dilemas para a escola republicana no Rio de Janeiro","authors":"Thaynara Nascimento Costa, Rodrigo Rosistolato","doi":"10.14244/198271995524","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo apresenta uma etnografia dos processos de interação social desenvolvidos em uma escola pública municipal na cidade do Rio de Janeiro. As análises apresentadas são um recorte de um estudo realizado no ano letivo de 2019, em uma escola que oferta da Educação Infantil ao sexto ano do Ensino Fundamental. Argumentamos que o pertencimento religioso das crianças às religiões de matriz afro-brasileira constitui-se como um elemento motivador de ações e interações que contribuem para (re)produção de desigualdades no interior da escola. Tais processos ocorrem no decorrer dos rituais escolares. Logo, analisá-los permite entender as sutilezas da (re)produção de desigualdades na escola, em conexão com processos de estigmatização e rotulação de pertencimentos religiosos. Os rituais – diretivos e não diretivos - prescrevem para os alunos tipos de identidades e modelos de interação social que incluem elementos pedagógicos e religiosos. Quando essas expectativas prescritivas não são correspondidas, cria-se um processo de classificação e separação social entre eu/nós/eles, que organiza as interações sociais e as experiências escolares das crianças. Discute-se que para além da reprodução de desigualdades ligadas ao background social e cultural dos alunos, ocorrem também processos de produção de desigualdades internas à escola, conectadas com estigmas e rótulos associados aos seus pertencimentos religiosos. Conforme demonstraremos, os estudantes que praticam religiões de matrizes afro-brasileiras desenvolvem processos de negociação de suas identidades religiosas, ora as escondendo, ora as expondo. Evangélicos e católicos, todavia, não realizam esse tipo de negociação posto que suas identidades religiosas são tidas como legítimas e adequadas ao ambiente escolar.","PeriodicalId":131472,"journal":{"name":"Revista Eletrônica de Educação","volume":"38 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-12-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Eletrônica de Educação","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.14244/198271995524","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo apresenta uma etnografia dos processos de interação social desenvolvidos em uma escola pública municipal na cidade do Rio de Janeiro. As análises apresentadas são um recorte de um estudo realizado no ano letivo de 2019, em uma escola que oferta da Educação Infantil ao sexto ano do Ensino Fundamental. Argumentamos que o pertencimento religioso das crianças às religiões de matriz afro-brasileira constitui-se como um elemento motivador de ações e interações que contribuem para (re)produção de desigualdades no interior da escola. Tais processos ocorrem no decorrer dos rituais escolares. Logo, analisá-los permite entender as sutilezas da (re)produção de desigualdades na escola, em conexão com processos de estigmatização e rotulação de pertencimentos religiosos. Os rituais – diretivos e não diretivos - prescrevem para os alunos tipos de identidades e modelos de interação social que incluem elementos pedagógicos e religiosos. Quando essas expectativas prescritivas não são correspondidas, cria-se um processo de classificação e separação social entre eu/nós/eles, que organiza as interações sociais e as experiências escolares das crianças. Discute-se que para além da reprodução de desigualdades ligadas ao background social e cultural dos alunos, ocorrem também processos de produção de desigualdades internas à escola, conectadas com estigmas e rótulos associados aos seus pertencimentos religiosos. Conforme demonstraremos, os estudantes que praticam religiões de matrizes afro-brasileiras desenvolvem processos de negociação de suas identidades religiosas, ora as escondendo, ora as expondo. Evangélicos e católicos, todavia, não realizam esse tipo de negociação posto que suas identidades religiosas são tidas como legítimas e adequadas ao ambiente escolar.