Rosilda Alves Bezerra, Francisca Zuleide Duarte de Souza, J. B. Teixeira
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Abstract
Campo de Trânsito (2007), do autor moçambicano João Paulo Borges Coelho, ficcionaliza os fatos e abusos vivenciados nos temidos “campos de reeducação”, institucionalizados no pós-independência pelo Estado moçambicano com intuito de retirar da mesma sociedade aqueles que não estivessem preparados para compor os quadros da nova nação e reeducá-los para que se tornassem cidadãos produtivos alinhados ao modelo de governo de orientação socialista marxista-leninista. O referido texto parte do ficcional para a história de Moçambique, e rastreia abusos cometidos contra os cidadãos, tais como a negação de direitos fundamentais do ser humano, além de cercear a liberdade de boa parcela de civis, ao gerar uma sociedade cindida pelo medo, na implantação de um regime totalitário. A partir daquilo que denominaram “Operação limpeza”, o ideal de liberdade para todos defendido nas lutas anticoloniais foi postergado, dando lugar a uma nação medrosa, assustada com o fantasma dos ditos campos de reeducação. A questão da memória é enfatizada na reconstrução dos quadros sociais transpostos para o ficcional, refletindo, no passado histórico, o tempo presente pós-colonial.