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Abstract
A questão do método suscita a possibilidade de duas modalidades de abordagem. Uma corrente acredita que só do acompanhamento das práticas científicas de pesquisa se pode derivar o método. Historicamente, a busca do método tem se voltado para uma ciência modelar como a física e não para as várias e desniveladas ciências. A outra vertente advoga ser necessário contar previamente com o método para iniciar e realizar com proficiência qualquer tipo de pesquisa. Caso se limitasse a descrever - se é que isso é exequível - como a pesquisa científica é variadamente levada a cabo, a filosofia da ciência mostrar-se-ia desprovida tanto de importância epistemológica quanto metacientífica. Isso ajuda a entender por que a filosofia da ciência tem postulado autoridade reconstrutivo-normativa sobre a ciência. A visão de que inexistem imperativos categóricos da racionalidade torna necessário executar a missão hercúlea de acompanhar os casos bem sucedidos de busca de conhecimento como meio de definir que condutas merecem ser adotadas na pesquisa. Aqueles que entendem ser inviável ambicionar a posse de um token de conhecimento sem que se formule e fundamente previamente o conceito de conhecimento encaram o método como condição de possibilidade do êxito cognitivo. Os que alegam ser impossível dizer o que é conhecimento sem invocar casos específicos que modelarmente o exemplifiquem sustentam que o aparato metodológico precisa ser identificado pelo acompanhamento da ciência tal qual praticada. O impasse metametodológico deriva do desafio de se ter de definir se cabe tentar inventariar as práticas espalhadas pelos vários domínios da investigação científica tentando capturar o que compartilham ou se é melhor formular uma epistemologia universal que acalenta a ambição normativa de estabelecer de que forma deve a pesquisa ser conduzida.