Carla Santos Almeida, Ana Gabriela Álvares Travassos
{"title":"Crescimento da neoplasia anal no Brasil entre 2013-2019: uma doença prevenível relacionada ao papilomavírus humano","authors":"Carla Santos Almeida, Ana Gabriela Álvares Travassos","doi":"10.5327/dst-2177-8264-202133p034","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A neoplasia de ânus e canal anal corresponde a aproximadamente 4% dos tumores anorretais. Possui fatores de risco preveníveis - como infecções sexualmente transmissíveis (por exemplo, papilomavírus humano e vírus da imunodeficiência humana), práticas sexuais desprotegidas, tabagismo, condições de higiene - e não preveníveis - como fístulas anais crônicas e imunossupressão por transplante ou outras causas. Objetivo: Analisar as notificações de novos casos e óbitos por faixa etária da neoplasia de ânus e canal anal no Brasil entre 2013 e 2019. Métodos: Trata-se de estudo ecológico, descritivo, com dados do Painel-Oncologia - Brasil e do Sistema de Informação de Mortalidade, obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Consideraram-se os novos casos e os óbitos entre 2013 e 2019 de acordo com as variáveis sexo/faixa etária (0-29, 30-59, 60 anos ou mais). Foram calculadas frequências absolutas e relativas das variáveis. Resultados: Foram registradas 8.619 notificações no período, sendo 1.040 (12,1%) em 2013 e 2.219 (25,7%) em 2019. Dessas, 128 (1,5%) com menos de 30 anos, 3.958 (45,9%) e 4.533 (52,6%) em pessoas idosas. As notificações em menores de 30 anos aumentaram aproximadamente 1.200%, enquanto no grupo acima de 60 anos esse aumento foi de 230%. A população diagnosticada foi majoritariamente feminina, com 70% dos casos (6.030). Quanto aos óbitos, ocorreram 3.474 notificações no período, sendo 2019 o ano mais expressivo (893), com 25,7% do total, 300% a mais que 2013. Apesar de menor número de óbitos na população menor de 30 anos, esta apresentou o aumento mais expressivo durante o período (400%). Conclusão: A neoplasia anal é prevenível com medidas que vão desde práticas sexuais protegidas/vacinação contra o papilomavírus humano/hábitos adequados de higiene até o rastreamento sistemático de lesões precursoras. Evidencia-se aumento de novos casos e óbitos na população jovem e entre as mulheres, chamando atenção para elaboração de estratégias de prevenção primária e secundária direcionadas a esses grupos, que podem ser profícuas na transformação dessa realidade.","PeriodicalId":350000,"journal":{"name":"Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"1900-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5327/dst-2177-8264-202133p034","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A neoplasia de ânus e canal anal corresponde a aproximadamente 4% dos tumores anorretais. Possui fatores de risco preveníveis - como infecções sexualmente transmissíveis (por exemplo, papilomavírus humano e vírus da imunodeficiência humana), práticas sexuais desprotegidas, tabagismo, condições de higiene - e não preveníveis - como fístulas anais crônicas e imunossupressão por transplante ou outras causas. Objetivo: Analisar as notificações de novos casos e óbitos por faixa etária da neoplasia de ânus e canal anal no Brasil entre 2013 e 2019. Métodos: Trata-se de estudo ecológico, descritivo, com dados do Painel-Oncologia - Brasil e do Sistema de Informação de Mortalidade, obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Consideraram-se os novos casos e os óbitos entre 2013 e 2019 de acordo com as variáveis sexo/faixa etária (0-29, 30-59, 60 anos ou mais). Foram calculadas frequências absolutas e relativas das variáveis. Resultados: Foram registradas 8.619 notificações no período, sendo 1.040 (12,1%) em 2013 e 2.219 (25,7%) em 2019. Dessas, 128 (1,5%) com menos de 30 anos, 3.958 (45,9%) e 4.533 (52,6%) em pessoas idosas. As notificações em menores de 30 anos aumentaram aproximadamente 1.200%, enquanto no grupo acima de 60 anos esse aumento foi de 230%. A população diagnosticada foi majoritariamente feminina, com 70% dos casos (6.030). Quanto aos óbitos, ocorreram 3.474 notificações no período, sendo 2019 o ano mais expressivo (893), com 25,7% do total, 300% a mais que 2013. Apesar de menor número de óbitos na população menor de 30 anos, esta apresentou o aumento mais expressivo durante o período (400%). Conclusão: A neoplasia anal é prevenível com medidas que vão desde práticas sexuais protegidas/vacinação contra o papilomavírus humano/hábitos adequados de higiene até o rastreamento sistemático de lesões precursoras. Evidencia-se aumento de novos casos e óbitos na população jovem e entre as mulheres, chamando atenção para elaboração de estratégias de prevenção primária e secundária direcionadas a esses grupos, que podem ser profícuas na transformação dessa realidade.