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Abstract
Em 2019, estudiosos das Relações Internacionais (ri) celebraram o centenário da criação da primeira cátedra em Política Internacional na Universidade de Aberystwyth. Desde esta relativa autonomização face à Ciência Política, as ri têm vindo a experienciar diferentes debates, diversas viragens e a emergência de novas escolas de reflexão que contestam as suas bases ontológicas, epistemológicas e metodológicas. Todavia, o envolvimento nestas discussões tem sido geograficamente desigual. Existem espaços epistémicos, como as academias canadiana ou brasileira, que estão engajados na produção deste pluralismo teórico, e outros espaços que permanecem distanciados da discussão, como o caso da academia portuguesa, cuja participação nesta produção é rara, vingando, ao invés, uma geral adesão dóxica às abordagens ditas mainstream das ri. Neste sentido, a obra Emancipar o Mundo: Teoria Crítica e Relações Internacionais é um passo necessário, que tarda, para o maior envolvimento da academia portuguesa na construção do pluralismo em ri. Na Introdução, José Manuel Pureza e Marcos Farias Ferreira explicam que o objetivo do estudo é «da[r] voz a uma leitura do mundo inconformada com as relações de poder que o habitam e com a teoria que as legitima» (p. 22). Propõem, por isso, um terreno comum para as abordagens críticas e que pode ser usado como referente de crítica: os trabalhos da Escola de Frankfurt, o eixo Cox-Linklater, o nexo distribuição-reconhecimento, a ideia da possibilidade imanente de mudança social e resistência, e o fim de revelar estruturas de dominação, exclusão, privilégio e discriminação na ordem mundial. No capítulo 1, André Saramago recupera as noções de «orientação» e «cosmopolitismo», sugerindo que a crescente interR E C E N S Ã O