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Abstract
Este artigo analisa se a adoção de uma abordagem idealista ontológica e pluralista para fundamentar a geografia física faz sentido na contemporaneidade. Constata que ela parte da intuição fundamental da consciência, mas pode ser fundamentada igualmente em termos filosóficos. Verifica também que o idealismo não implica necessariamente no solipsismo, reconhecendo uma realidade intersubjetiva, externa à consciência individual, porém ainda assim mental. Constata que nessa realidade se fazem presentes as ideias (informações) que constituem a natureza abordada pelas ciências positivas. Grande parte dessas ideias (informações) e suas relações podem ser descritas por fórmulas matemáticas e modelos diversos, pois se apresentam de forma padronizada. Defende-se que como toda a realidade possui unicamente a substância mental primitiva, a geografia física não é passível de separação da geografia humana por conta de objetos de estudo ontologicamente diferentes. Sob um paradigma idealista ontológico e pluralista a geografia física pode recepcionar elementos como o livre arbítrio e a criatividade enquanto fatores causais na fisiologia e na morfologia das paisagens; a geografia humana e a dinâmica cultural não são mais vistas como anomalias frente ao naturalismo. A unificação entre esses ramos da geografia pode ocorrer no plano teórico sem que se perca os benefícios da abordagem determinista na apreensão das ideias (informações) que se apresentam padronizadas na natureza e sem promover um reducionismo em relação a participação do livre arbítrio e da criatividade na dinâmica das paisagens. Esse idealismo representa também uma alternativa frente a algumas limitações teóricas da Teoria da Complexidade, mas pode com ela dialogar.