Enquadramentos em análises de dinâmicas interacionais: aproximações entre Goffman e Butler

Vanessa Neme Spirandeo, Luís Mauro Sá Martino, Â. Marques
{"title":"Enquadramentos em análises de dinâmicas interacionais: aproximações entre Goffman e Butler","authors":"Vanessa Neme Spirandeo, Luís Mauro Sá Martino, Â. Marques","doi":"10.25200/slj.v12.n1.2023.525","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo delineia dois aspectos da noção de “enquadramento”, tal como foi originalmente criada pelo sociólogo canadense Erving Goffman, em seu livro Os quadros da experiência social e desenvolvida pela filósofa norte-americana Judith Butler em Vida Precária e Quadros de Guerra. Argumenta-se que a leitura feita por Butler reelabora a ideia original ao acrescentar a noção de que os frames estão diretamente relacionados ao exercício moral do poder, fundamentados na definição arbitrária do que deve ser conhecido por uma audiência como uma forma de vida reconhecível. Butler também abre espaço para o questionamento dos quadros estabelecidos, que não apenas são desafiados por novos esquemas de legibilidade, mas também deixam entrever as operações de violência que os sustenta. A partir de uma leitura que tenta aproximar os dois autores, argumentamos que é possível evidenciar uma preocupação comum com a maneira de construir quadros de sentido que informam e orientam a produção de respostas morais no âmbito interpessoal e no âmbito da elaboração de narrativas que circulam na mídia.A maneira como Butler analisa narrativas e imagens escolhidas pelos veículos jornalísticos para organizar os acontecimentos revela, em diálogo com Goffman, que o modo como é construído o aparecimento diante do outro (seja ele face a face ou mediado pela cena de visibilidade pública) interfere nas estratégicas de organização social e na própria sobrevivência de sujeitos e grupos. A prática jornalística contribui para a formulação de normas morais injustas, mas pode também atuar em prol da elaboração de enquadramentos que nos tornem sensíveis ao apelo ético da alteridade. Butler (2015) e Goffman (2002) apontam em seus trabalhos que a forma como vamos apreender e responder a esse apelo depende de como ele é formulado e enquadrado, de quais afetos são mobilizados na produção e na receptividade de quadros de sentido e de como os interlocutores aprendem a criar táticas de enfrentamento aos constrangimentos de poder. E, como evidencia Goffman, enquadramentos estão pautados por afetos, crenças e valores compartilhados em nossas experiências situadas, que sempre se organizam entrelaçadas às narrativas midiáticas e às narrativas identitárias que apreendemos criticamente. Assim, este artigo propõe que a noção de frame de Butler ressalta, em diálogo com Goffman, as dimensões éticas e estéticas que podem contribuir para a elaboração de narrativas jornalísticas comprometidas com a\nPT. Este artigo delineia dois aspectos da noção de “enquadramento”, tal como foi originalmente criada pelo sociólogo canadense Erving Goffman, em seu livro Os quadros da experiência social e desenvolvida pela filósofa norte-americana Judith Butler em Vida Precária e Quadros de Guerra. Argumenta-se que a leitura feita por Butler reelabora a ideia original ao acrescentar a noção de que os frames estão diretamente relacionados ao exercício moral do poder, fundamentados na definição arbitrária do que deve ser conhecido por uma audiência como uma forma de vida reconhecível. Butler também abre espaço para o questionamento dos quadros estabelecidos, que não apenas são desafiados por novos esquemas de legibilidade, mas também deixam entrever as operações de violência que os sustenta. A partir de uma leitura que tenta aproximar os dois autores, argumentamos que é possível evidenciar uma preocupação comum com a maneira de construir quadros de sentido que informam e orientam a produção de respostas morais no âmbito interpessoal e no âmbito da elaboração de narrativas que circulam na mídia.A maneira como Butler analisa narrativas e imagens escolhidas pelos veículos jornalísticos para organizar os acontecimentos revela, em diálogo com Goffman, que o modo como é construído o aparecimento diante do outro (seja ele face a face ou mediado pela cena de visibilidade pública) interfere nas estratégicas de organização social e na própria sobrevivência de sujeitos e grupos. A prática jornalística contribui para a formulação de normas morais injustas, mas pode também atuar em prol da elaboração de enquadramentos que nos tornem sensíveis ao apelo ético da alteridade. Butler (2015) e Goffman (2002) apontam em seus trabalhos que a forma como vamos apreender e responder a esse apelo depende de como ele é formulado e enquadrado, de quais afetos são mobilizados na produção e na receptividade de quadros de sentido e de como os interlocutores aprendem a criar táticas de enfrentamento aos constrangimentos de poder. E, como evidencia Goffman, enquadramentos estão pautados por afetos, crenças e valores compartilhados em nossas experiências situadas, que sempre se organizam entrelaçadas às narrativas midiáticas e às narrativas identitárias que apreendemos criticamente. Assim, este artigo propõe que a noção de frame de Butler ressalta, em diálogo com Goffman, as dimensões éticas e estéticas que podem contribuir para a elaboração de narrativas jornalísticas comprometidas com a valorização e reconhecimento das vidas.\n***\nEN. This article looks at two aspects of the notion of \"framing\" as originally defined by Canadian sociologist Erving Goffman in his book Frame Analysis: An Essay on the Organization of Experience, then developed by American philosopher Judith Butler in Precarious Life and Frames of War. In our view, Butler's interpretation results in a reformulation of the original concept, adding the idea that framings are directly linked to the moral exercise of power, and rely on the arbitrary definition of what ought to be known, by a given audience, as a recognizable way of life. Butler also challenges established frameworks, not only by opposing them with new schemes of intelligibility, but also by revealing the processes of violence that sustain them. Drawing on an interpretation that attempts to bring the two authors closer together, we argue that it is possible to identify a common focus on the modes of construction of frames of meaning that inform and guide the production of moral responses, both in the interpersonal sphere and in the elaboration of narratives disseminated by the media. Butler's analysis of the narratives and images chosen by the news media to organize events, in dialogue with Goffman, reveals that the construction of their appearance before others (whether face-to-face or on a stage with public visibility) interferes with strategies of social organization and with the very survival of individuals and groups. Journalistic praxis contributes to the formulation of unjust moral norms, but it can also participate in the elaboration of framings that educate us about the ethical dimension of otherness. Butler (2015) and Goffman (2002) emphasize in their work that our way of apprehending this ethical call, and the ways in which we respond to it, depends on how it is formulated and framed, on the affects mobilized in the production and reception of these frames of meaning, and finally on the tactics that interlocutors learn to create in order to deal with the constraints of power. As Goffman shows, these framings are guided by affects, beliefs and values shared in our situated experiences, which are always organized through the interweaving of the media and identity narratives which are apprehend with a critical eye. We therefore argue here that Butler's notion of framing brings out, in dialogue with Goffman, the ethical and aesthetic dimensions that can contribute to the elaboration of journalistic narratives committed to the valorization and recognition of life.\n***\nFR. Cet article se penche sur deux aspects de la notion de « cadrage » telle qu'elle a été définie à l'origine par le sociologue canadien Erving Goffman dans son livre Les Cadres de l’expérience, puis développée par la philosophe américaine Judith Butler dans Vie précaire et Ce qui fait une vie. La lecture de Butler aboutit selon nous à reformuler le concept initial, en y ajoutant l'idée que les cadrages sont directement liés à l'exercice moral du pouvoir et reposent sur la définition arbitraire de ce qui doit être connu, par un public donné, en tant que mode de vie reconnaissable. Butler ouvre également la voie à une remise en question des cadres établis, non seulement en leur opposant de nouveaux schémas de lisibilité, mais aussi en dévoilant les processus de violence qui les sous-tendent. Partant d'une lecture qui tente de rapprocher les deux auteurs, nous soutenons qu'il est possible de dégager une préoccupation commune quant aux modes de construction de cadres de sens qui informent et guident la production des réponses morales, aussi bien dans la sphère interpersonnelle que pour l'élaboration de récits diffusés par les médias. La manière dont Butler analyse les récits et les images choisis par les médias d'information pour organiser les événements, en dialogue avec Goffman, révèle que la construction de leur apparition devant autrui (qu'il s'agisse d'un face à face ou d'une scène de visibilité publique) interfère avec les stratégies d'organisation sociale et avec la survie même des individus et des groupes. La pratique journalistique contribue à la formulation de normes morales injustes, mais elle peut aussi participer à l'élaboration de cadrages qui nous sensibilisent à la dimension éthique de l'altérité. Butler (2015) et Goffman (2002) soulignent dans leurs travaux que la manière d'appréhender cet appel éthique, et d’y répondre, dépend de la façon dont il est formulé et cadré, des affects mobilisés dans la production et la réception des cadres de sens, et enfin des tactiques que les interlocuteurs apprennent à créer pour faire face aux contraintes de pouvoir. Comme le montre Goffman, ces cadrages sont guidés par des affects, des croyances et des valeurs partagés dans nos expériences situées, qui s'organisent toujours en s'entrelaçant avec les récits médiatiques et identitaires que nous appréhendons avec un regard critique. Nous avançons donc ici que la notion de cadrage de Butler fait ressortir, en dialogue avec Goffman, le","PeriodicalId":371942,"journal":{"name":"Sur le journalisme, About journalism, Sobre jornalismo","volume":"5 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-06-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Sur le journalisme, About journalism, Sobre jornalismo","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.25200/slj.v12.n1.2023.525","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

Abstract

Este artigo delineia dois aspectos da noção de “enquadramento”, tal como foi originalmente criada pelo sociólogo canadense Erving Goffman, em seu livro Os quadros da experiência social e desenvolvida pela filósofa norte-americana Judith Butler em Vida Precária e Quadros de Guerra. Argumenta-se que a leitura feita por Butler reelabora a ideia original ao acrescentar a noção de que os frames estão diretamente relacionados ao exercício moral do poder, fundamentados na definição arbitrária do que deve ser conhecido por uma audiência como uma forma de vida reconhecível. Butler também abre espaço para o questionamento dos quadros estabelecidos, que não apenas são desafiados por novos esquemas de legibilidade, mas também deixam entrever as operações de violência que os sustenta. A partir de uma leitura que tenta aproximar os dois autores, argumentamos que é possível evidenciar uma preocupação comum com a maneira de construir quadros de sentido que informam e orientam a produção de respostas morais no âmbito interpessoal e no âmbito da elaboração de narrativas que circulam na mídia.A maneira como Butler analisa narrativas e imagens escolhidas pelos veículos jornalísticos para organizar os acontecimentos revela, em diálogo com Goffman, que o modo como é construído o aparecimento diante do outro (seja ele face a face ou mediado pela cena de visibilidade pública) interfere nas estratégicas de organização social e na própria sobrevivência de sujeitos e grupos. A prática jornalística contribui para a formulação de normas morais injustas, mas pode também atuar em prol da elaboração de enquadramentos que nos tornem sensíveis ao apelo ético da alteridade. Butler (2015) e Goffman (2002) apontam em seus trabalhos que a forma como vamos apreender e responder a esse apelo depende de como ele é formulado e enquadrado, de quais afetos são mobilizados na produção e na receptividade de quadros de sentido e de como os interlocutores aprendem a criar táticas de enfrentamento aos constrangimentos de poder. E, como evidencia Goffman, enquadramentos estão pautados por afetos, crenças e valores compartilhados em nossas experiências situadas, que sempre se organizam entrelaçadas às narrativas midiáticas e às narrativas identitárias que apreendemos criticamente. Assim, este artigo propõe que a noção de frame de Butler ressalta, em diálogo com Goffman, as dimensões éticas e estéticas que podem contribuir para a elaboração de narrativas jornalísticas comprometidas com a PT. Este artigo delineia dois aspectos da noção de “enquadramento”, tal como foi originalmente criada pelo sociólogo canadense Erving Goffman, em seu livro Os quadros da experiência social e desenvolvida pela filósofa norte-americana Judith Butler em Vida Precária e Quadros de Guerra. Argumenta-se que a leitura feita por Butler reelabora a ideia original ao acrescentar a noção de que os frames estão diretamente relacionados ao exercício moral do poder, fundamentados na definição arbitrária do que deve ser conhecido por uma audiência como uma forma de vida reconhecível. Butler também abre espaço para o questionamento dos quadros estabelecidos, que não apenas são desafiados por novos esquemas de legibilidade, mas também deixam entrever as operações de violência que os sustenta. A partir de uma leitura que tenta aproximar os dois autores, argumentamos que é possível evidenciar uma preocupação comum com a maneira de construir quadros de sentido que informam e orientam a produção de respostas morais no âmbito interpessoal e no âmbito da elaboração de narrativas que circulam na mídia.A maneira como Butler analisa narrativas e imagens escolhidas pelos veículos jornalísticos para organizar os acontecimentos revela, em diálogo com Goffman, que o modo como é construído o aparecimento diante do outro (seja ele face a face ou mediado pela cena de visibilidade pública) interfere nas estratégicas de organização social e na própria sobrevivência de sujeitos e grupos. A prática jornalística contribui para a formulação de normas morais injustas, mas pode também atuar em prol da elaboração de enquadramentos que nos tornem sensíveis ao apelo ético da alteridade. Butler (2015) e Goffman (2002) apontam em seus trabalhos que a forma como vamos apreender e responder a esse apelo depende de como ele é formulado e enquadrado, de quais afetos são mobilizados na produção e na receptividade de quadros de sentido e de como os interlocutores aprendem a criar táticas de enfrentamento aos constrangimentos de poder. E, como evidencia Goffman, enquadramentos estão pautados por afetos, crenças e valores compartilhados em nossas experiências situadas, que sempre se organizam entrelaçadas às narrativas midiáticas e às narrativas identitárias que apreendemos criticamente. Assim, este artigo propõe que a noção de frame de Butler ressalta, em diálogo com Goffman, as dimensões éticas e estéticas que podem contribuir para a elaboração de narrativas jornalísticas comprometidas com a valorização e reconhecimento das vidas. *** EN. This article looks at two aspects of the notion of "framing" as originally defined by Canadian sociologist Erving Goffman in his book Frame Analysis: An Essay on the Organization of Experience, then developed by American philosopher Judith Butler in Precarious Life and Frames of War. In our view, Butler's interpretation results in a reformulation of the original concept, adding the idea that framings are directly linked to the moral exercise of power, and rely on the arbitrary definition of what ought to be known, by a given audience, as a recognizable way of life. Butler also challenges established frameworks, not only by opposing them with new schemes of intelligibility, but also by revealing the processes of violence that sustain them. Drawing on an interpretation that attempts to bring the two authors closer together, we argue that it is possible to identify a common focus on the modes of construction of frames of meaning that inform and guide the production of moral responses, both in the interpersonal sphere and in the elaboration of narratives disseminated by the media. Butler's analysis of the narratives and images chosen by the news media to organize events, in dialogue with Goffman, reveals that the construction of their appearance before others (whether face-to-face or on a stage with public visibility) interferes with strategies of social organization and with the very survival of individuals and groups. Journalistic praxis contributes to the formulation of unjust moral norms, but it can also participate in the elaboration of framings that educate us about the ethical dimension of otherness. Butler (2015) and Goffman (2002) emphasize in their work that our way of apprehending this ethical call, and the ways in which we respond to it, depends on how it is formulated and framed, on the affects mobilized in the production and reception of these frames of meaning, and finally on the tactics that interlocutors learn to create in order to deal with the constraints of power. As Goffman shows, these framings are guided by affects, beliefs and values shared in our situated experiences, which are always organized through the interweaving of the media and identity narratives which are apprehend with a critical eye. We therefore argue here that Butler's notion of framing brings out, in dialogue with Goffman, the ethical and aesthetic dimensions that can contribute to the elaboration of journalistic narratives committed to the valorization and recognition of life. *** FR. Cet article se penche sur deux aspects de la notion de « cadrage » telle qu'elle a été définie à l'origine par le sociologue canadien Erving Goffman dans son livre Les Cadres de l’expérience, puis développée par la philosophe américaine Judith Butler dans Vie précaire et Ce qui fait une vie. La lecture de Butler aboutit selon nous à reformuler le concept initial, en y ajoutant l'idée que les cadrages sont directement liés à l'exercice moral du pouvoir et reposent sur la définition arbitraire de ce qui doit être connu, par un public donné, en tant que mode de vie reconnaissable. Butler ouvre également la voie à une remise en question des cadres établis, non seulement en leur opposant de nouveaux schémas de lisibilité, mais aussi en dévoilant les processus de violence qui les sous-tendent. Partant d'une lecture qui tente de rapprocher les deux auteurs, nous soutenons qu'il est possible de dégager une préoccupation commune quant aux modes de construction de cadres de sens qui informent et guident la production des réponses morales, aussi bien dans la sphère interpersonnelle que pour l'élaboration de récits diffusés par les médias. La manière dont Butler analyse les récits et les images choisis par les médias d'information pour organiser les événements, en dialogue avec Goffman, révèle que la construction de leur apparition devant autrui (qu'il s'agisse d'un face à face ou d'une scène de visibilité publique) interfère avec les stratégies d'organisation sociale et avec la survie même des individus et des groupes. La pratique journalistique contribue à la formulation de normes morales injustes, mais elle peut aussi participer à l'élaboration de cadrages qui nous sensibilisent à la dimension éthique de l'altérité. Butler (2015) et Goffman (2002) soulignent dans leurs travaux que la manière d'appréhender cet appel éthique, et d’y répondre, dépend de la façon dont il est formulé et cadré, des affects mobilisés dans la production et la réception des cadres de sens, et enfin des tactiques que les interlocuteurs apprennent à créer pour faire face aux contraintes de pouvoir. Comme le montre Goffman, ces cadrages sont guidés par des affects, des croyances et des valeurs partagés dans nos expériences situées, qui s'organisent toujours en s'entrelaçant avec les récits médiatiques et identitaires que nous appréhendons avec un regard critique. Nous avançons donc ici que la notion de cadrage de Butler fait ressortir, en dialogue avec Goffman, le
交互动力学分析框架:高夫曼和巴特勒的方法
这篇文章概述了“框架”概念的两个方面,这个概念最初是由加拿大社会学家欧文·戈夫曼在他的《社会经验框架》一书中提出的,并由美国哲学家朱迪思·巴特勒在《不稳定的生活和战争框架》中发展起来的。有人认为,巴特勒的阅读重新阐述了最初的观点,增加了框架与权力的道德行使直接相关的概念,基于对观众应该知道的可识别的生活方式的任意定义。巴特勒还为质疑已建立的框架提供了空间,这些框架不仅受到新的易读方案的挑战,而且还揭示了维持它们的暴力操作。从一篇试图将两位作者聚集在一起的阅读中,我们认为有可能强调对如何构建意义框架的共同关注,这些意义框架在人际环境中通知和指导道德反应的产生,以及在媒体中传播的叙事的发展中。巴特勒分析故事和图片的方式组织事件揭示了新闻载体的选择,戈夫曼在对话,宇宙的方式建立在人类面前,另一个(他面对面或者不同场景的可见性)干涉公共社会组织和战略主题和群体的生存。新闻实践有助于制定不公平的道德标准,但它也可能有助于发展框架,使我们对他者的道德诉求敏感。戈夫曼·巴特勒(2015)和(2002)指出在他的作品中扣留的方式以及如何回答这通电话取决于他是影响产量和被爱是动员和框架的感受性意义和严肃的学习创造战术的正常约束权力。而且,正如戈夫曼所指出的,框架是由情感、信仰和价值观指导的,这些情感、信仰和价值观在我们的地理经验中共享,这些情感、信仰和价值观总是与我们批判性地理解的媒体叙事和身份叙事交织在一起。这样,这篇文章提出的概念框架的管家在谈话中指出,戈夫曼的伦理维度和美学思想可以帮助新闻叙事的发展计划和恰当的。这篇文章概述了两个方面的概念“框架”,最初是由加拿大社会学家欧文·高夫曼在他的书中,框架的社会经验和发展美国哲学家朱迪斯•巴特勒的生命危险和真正的战争。有人认为,巴特勒的阅读重新阐述了最初的观点,增加了框架与权力的道德行使直接相关的概念,基于对观众应该知道的可识别的生活方式的任意定义。巴特勒还为质疑已建立的框架提供了空间,这些框架不仅受到新的易读方案的挑战,而且还揭示了维持它们的暴力操作。从一篇试图将两位作者聚集在一起的阅读中,我们认为有可能强调对如何构建意义框架的共同关注,这些意义框架在人际环境中通知和指导道德反应的产生,以及在媒体中传播的叙事的发展中。巴特勒分析故事和图片的方式组织事件揭示了新闻载体的选择,戈夫曼在对话,宇宙的方式建立在人类面前,另一个(他面对面或者不同场景的可见性)干涉公共社会组织和战略主题和群体的生存。新闻实践有助于制定不公平的道德标准,但它也可能有助于发展框架,使我们对他者的道德诉求敏感。戈夫曼·巴特勒(2015)和(2002)指出在他的作品中扣留的方式以及如何回答这通电话取决于他是影响产量和被爱是动员和框架的感受性意义和严肃的学习创造战术的正常约束权力。而且,正如戈夫曼所指出的,框架是由情感、信仰和价值观指导的,这些情感、信仰和价值观在我们的地理经验中共享,这些情感、信仰和价值观总是与我们批判性地理解的媒体叙事和身份叙事交织在一起。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
求助全文
约1分钟内获得全文 求助全文
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
0
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:604180095
Book学术官方微信