Prevalência de infecções sexualmente transmissíveis utilizando testes rápidos em usuários transgêneros em ambulatório de diversidade de gênero de Vitória (ES)

Abstract

Introdução: A prevalência de vírus da imunodeficiência humana na população transgênero é desproporcional quando comparadas à população geral e eles podem ser igualmente vulneráveis a outras infecções sexualmente transmissíveis, mas o risco de infecções sexualmente transmissíveis entre pessoas transgênero permanece pouco estudada. Essa população enfrenta barreiras socioeconômicas e estruturais que levam ao aumento de risco de infecções sexualmente transmissíveis, como estigma e discriminação, pobreza, desemprego e falta de acesso a cuidados de saúde. Objetivo: Descrever a frequência de infecções sexualmente transmissíveis por meio de testes rápidos em usuários transgêneros em ambulatório diversidade de gênero do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, transversal, realizado em usuários transgêneros atendidos no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes durante 2018 a 2021. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi feita coleta de dados por questionário estruturado e realizaram-se testes rápidos para vírus da imunodeficiência humana, Estudo Laboratorial de Doenças Venéreas, HbsAg e vírus da hepatite C. A análise de dados foi realizada no programa estatístico SPSS (v. 21.0). Resultados: Foram realizados testes rápidos em 103 pacientes. Desses, 32,0% são mulheres transexuais, 63,1% são homens transexuais e 4,9% não se identificam com esses gêneros. Na população em estudo a prevalência de vírus da imunodeficiência humana, sífilis, hepatite B e C foram, respectivamente, 2,9%, 4,9%, 1,0% e 1,0%. Entre eles, todos os testes positivos foram em mulheres transgênero. Conclusão: Tendo em vista que a prevalência de infecções sexualmente transmissíveis é maior na população trangênero comparada à população geral, este estudo teve como finalidade descrever a frequência de algumas das infecções sexualmente transmissíveis mais relevantes. Os resultados dos testes rápidos possibilitaram a abordagem terapêutica e seguimento ambulatorial desses pacientes. A taxa de prevalência de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana encontrada no grupo de mulheres transgênero foi mais baixa que a encontrada na literatura internacional. Considerando a vulnerabilidade e estigmatização em torno da população estudada, torna-se evidente a necessidade de incentivo em políticas saúde pública e pesquisas populacionais nesse grupo.