C. Mesquita, M. Rezende, Davi Shunji Yahiro, I. Palazzo
{"title":"Como Eu Faço Medicina Nuclear na Avaliação de Endocardite de Próteses Valvares e Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis","authors":"C. Mesquita, M. Rezende, Davi Shunji Yahiro, I. Palazzo","doi":"10.36660/abcimg.20230018","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A medicina nuclear tem tido um papel crescente na avaliação de pacientes com suspeita ou com o diagnóstico confirmado de endocardite infecciosa. A cintilografia com leucócitos marcados (LM) é um método amplamente utilizado na prática clínica para detectar locais de infecção, sendo especialmente indicada em pacientes com suspeita de endocardite infecciosa (EI) em próteses valvares ou dispositivos cardíacos implantáveis (DCI) quando outros métodos de imagem convencionais não são conclusivos. A técnica envolve a marcação dos leucócitos do próprio paciente com um radiotraçador, como o 99m Tc-HMPAO, mantendo suas propriedades biológicas. Após a injeção na corrente circulatória, os leucócitos marcam ativamente os sítios de inflamação em atividade, permitindo a detecção da infecção.A coleta de sangue para a cintilografia com LM requer quantidade suficiente de leucócitos, o que pode ser um grande limitador em pacientes com neutropenia. Outro ponto de limitação é que o processo de marcação dos leucócitos e o início da obtenção das imagens cintilográficas pode demorar cerca de 2 horas. As imagens são adquiridas em diferentes momentos, sendo importante a presença de captação nas imagens de 4 e 24 horas para confirmar a presença de infecção ativa.A cintilografia com LM tem sido recomendada como parte do algoritmo diagnóstico da EI nos pacientes com prótese valvar ou dispositivos cardíacos implantáveis como marcapassos que tenham suspeita da doença, sendo considerado um critério maior de Duke modificado quando positivo. É indicada quando o ecocardiograma é inconclusivo ou duvidoso, podendo alterar a categorização da EI de possível para definida em até 25% dos pacientes. Além disso, também pode ser utilizada na pesquisa de eventos embólicos em sítios extracardíacos, como pulmão, baço e tecido ósseo/articular.A Tomografia por Emissão de Pósitrons acoplada à Tomografia Computadorizada (PET-CT) é uma técnica de imagem molecular que tem se mostrado de grande importância no manejo da EI. O PET-CT utiliza um radiofármaco marcado com uma substância radioativa de vida curta, como o 18F-fluordesoxiglicose (18F-FDG), que é captada pelas células com alto metabolismo, como as células inflamatórias presentes nas áreas de infecção ativa. Isso permite a detecção precisa e não invasiva de áreas de inflamação, incluindo as lesões, vegetações e abscessos associados à EI.A utilização do PET-CT na EI tem se mostrado promissora na detecção precoce da infecção, fornecendo informações importantes para o diagnóstico e o planejamento terapêutico. Além disso, o PET-CT pode auxiliar na diferenciação entre a infecção ativa e as complicações pós-cirúrgicas, bem como na identificação de áreas de infecção em sítios extracardíacos, o que pode ser útil na avaliação de casos mais complexos. A alta sensibilidade e especificidade do PET-CT na detecção de inflamação ativa tornam-no uma ferramenta valiosa no manejo clínico da EI, especialmente em casos de suspeita clínica moderada ou quando os métodos de imagem convencionais são inconclusivos. No entanto, é importante considerar as limitações do PET-CT, como a sua disponibilidade em alguns centros de saúde, o custo e a exposição à radiação ionizante, e utilizar os achados do PET-CT em conjunto com outros dados clínicos e laboratoriais para um diagnóstico e manejo adequados da EI.","PeriodicalId":217289,"journal":{"name":"ABC Imagem Cardiovascular","volume":"498 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-05-17","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"ABC Imagem Cardiovascular","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.36660/abcimg.20230018","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
A medicina nuclear tem tido um papel crescente na avaliação de pacientes com suspeita ou com o diagnóstico confirmado de endocardite infecciosa. A cintilografia com leucócitos marcados (LM) é um método amplamente utilizado na prática clínica para detectar locais de infecção, sendo especialmente indicada em pacientes com suspeita de endocardite infecciosa (EI) em próteses valvares ou dispositivos cardíacos implantáveis (DCI) quando outros métodos de imagem convencionais não são conclusivos. A técnica envolve a marcação dos leucócitos do próprio paciente com um radiotraçador, como o 99m Tc-HMPAO, mantendo suas propriedades biológicas. Após a injeção na corrente circulatória, os leucócitos marcam ativamente os sítios de inflamação em atividade, permitindo a detecção da infecção.A coleta de sangue para a cintilografia com LM requer quantidade suficiente de leucócitos, o que pode ser um grande limitador em pacientes com neutropenia. Outro ponto de limitação é que o processo de marcação dos leucócitos e o início da obtenção das imagens cintilográficas pode demorar cerca de 2 horas. As imagens são adquiridas em diferentes momentos, sendo importante a presença de captação nas imagens de 4 e 24 horas para confirmar a presença de infecção ativa.A cintilografia com LM tem sido recomendada como parte do algoritmo diagnóstico da EI nos pacientes com prótese valvar ou dispositivos cardíacos implantáveis como marcapassos que tenham suspeita da doença, sendo considerado um critério maior de Duke modificado quando positivo. É indicada quando o ecocardiograma é inconclusivo ou duvidoso, podendo alterar a categorização da EI de possível para definida em até 25% dos pacientes. Além disso, também pode ser utilizada na pesquisa de eventos embólicos em sítios extracardíacos, como pulmão, baço e tecido ósseo/articular.A Tomografia por Emissão de Pósitrons acoplada à Tomografia Computadorizada (PET-CT) é uma técnica de imagem molecular que tem se mostrado de grande importância no manejo da EI. O PET-CT utiliza um radiofármaco marcado com uma substância radioativa de vida curta, como o 18F-fluordesoxiglicose (18F-FDG), que é captada pelas células com alto metabolismo, como as células inflamatórias presentes nas áreas de infecção ativa. Isso permite a detecção precisa e não invasiva de áreas de inflamação, incluindo as lesões, vegetações e abscessos associados à EI.A utilização do PET-CT na EI tem se mostrado promissora na detecção precoce da infecção, fornecendo informações importantes para o diagnóstico e o planejamento terapêutico. Além disso, o PET-CT pode auxiliar na diferenciação entre a infecção ativa e as complicações pós-cirúrgicas, bem como na identificação de áreas de infecção em sítios extracardíacos, o que pode ser útil na avaliação de casos mais complexos. A alta sensibilidade e especificidade do PET-CT na detecção de inflamação ativa tornam-no uma ferramenta valiosa no manejo clínico da EI, especialmente em casos de suspeita clínica moderada ou quando os métodos de imagem convencionais são inconclusivos. No entanto, é importante considerar as limitações do PET-CT, como a sua disponibilidade em alguns centros de saúde, o custo e a exposição à radiação ionizante, e utilizar os achados do PET-CT em conjunto com outros dados clínicos e laboratoriais para um diagnóstico e manejo adequados da EI.