{"title":"Elites tecnológicas, meritocracia e mitos pós raciais no Vale do Silício","authors":"Safiya Umoja Noble, S. Roberts","doi":"10.4013/FEM.2020.221.04","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Entre as modernas elites tecnologicas digitais, os mitos da meritocracia e da facanha intelectual sao usados como marcadores de raca e genero por uma supremacia branca masculina que consolida recursos de forma desproporcional em relacao a pessoas nao brancas, principalmente negros, latinos e indigenas. Os investimentos em mitos meritocraticos suprimem os questionamentos de racismo e discriminacao, mesmo quando os produtos das elites digitais sao infundidos com marcadores de raca, classe e genero. As lutas historicas por inclusao social, politica e economica de negros, mulheres e outras classes desprotegidas tem implicado no reconhecimento da exclusao sistemica, do trabalho forcado e da privacao de direitos estruturais, alem de compromissos com politicas publicas dos EUA, como as acoes afirmativas, que foram igualmente fundamentais para reformas politicas voltadas para participacao e oportunidades economicas. A ascensao da tecnocracia digital tem sido, em muitos aspectos, antitetica a esses esforcos no sentido de reconhecer raca e genero como fatores cruciais para inclusao e oportunidades tecnocraticas. Este artigo explora algumas das formas pelas quais os discursos das elites tecnocraticas do Vale do Silicio reforcam os investimentos no pos racialismo como um pretexto para a re-consolidacao do capital em oposicao as politicas publicas que prometem acabar com praticas discriminatorias no mundo do trabalho. Por meio de uma analise cuidadosa do surgimento de empresas de tecnologias digitais e de uma discussao sobre como as elites tecnologicas trabalham para mascarar tudo, como inscricoes algoritmicas e geneticas de raca incorporadas em seus produtos, mostramos como as elites digitais omitem a sua responsabilidade por suas reinscricoes pos raciais de (in)visibilidades raciais. A partir do uso de analise historica e critica do discurso, o artigo revela como os mitos de uma meritocracia digital baseados em um “daltonismo racial” tecnocratico emergem como chave para a manutencao de exclusoes de genero e raca. Palavras-chave: Tecnologia. Raca. Genero.","PeriodicalId":117168,"journal":{"name":"Fronteiras - estudos midiáticos","volume":"83 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-05-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"3","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Fronteiras - estudos midiáticos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.4013/FEM.2020.221.04","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Entre as modernas elites tecnologicas digitais, os mitos da meritocracia e da facanha intelectual sao usados como marcadores de raca e genero por uma supremacia branca masculina que consolida recursos de forma desproporcional em relacao a pessoas nao brancas, principalmente negros, latinos e indigenas. Os investimentos em mitos meritocraticos suprimem os questionamentos de racismo e discriminacao, mesmo quando os produtos das elites digitais sao infundidos com marcadores de raca, classe e genero. As lutas historicas por inclusao social, politica e economica de negros, mulheres e outras classes desprotegidas tem implicado no reconhecimento da exclusao sistemica, do trabalho forcado e da privacao de direitos estruturais, alem de compromissos com politicas publicas dos EUA, como as acoes afirmativas, que foram igualmente fundamentais para reformas politicas voltadas para participacao e oportunidades economicas. A ascensao da tecnocracia digital tem sido, em muitos aspectos, antitetica a esses esforcos no sentido de reconhecer raca e genero como fatores cruciais para inclusao e oportunidades tecnocraticas. Este artigo explora algumas das formas pelas quais os discursos das elites tecnocraticas do Vale do Silicio reforcam os investimentos no pos racialismo como um pretexto para a re-consolidacao do capital em oposicao as politicas publicas que prometem acabar com praticas discriminatorias no mundo do trabalho. Por meio de uma analise cuidadosa do surgimento de empresas de tecnologias digitais e de uma discussao sobre como as elites tecnologicas trabalham para mascarar tudo, como inscricoes algoritmicas e geneticas de raca incorporadas em seus produtos, mostramos como as elites digitais omitem a sua responsabilidade por suas reinscricoes pos raciais de (in)visibilidades raciais. A partir do uso de analise historica e critica do discurso, o artigo revela como os mitos de uma meritocracia digital baseados em um “daltonismo racial” tecnocratico emergem como chave para a manutencao de exclusoes de genero e raca. Palavras-chave: Tecnologia. Raca. Genero.