MOVIMENTOS DE ACOPLAMENTO CORPO-SOLO NA POÉTICA DE ARTISTAS LATINO-AMERICANES

O escrito dedica-se à observação de proposições artísticas que trabalham movimentos de aproximação corpo-terra. Tendo como interesse central práticas realizadas por artistas latino-americanes, o artigo objetiva investigar e relacionar ações que apostam em exercícios de acoplamento corpo-solo, entendendo-as como gestos de resistência ao silenciamento, anestesiamento, distanciamento e à espetacularização da vida própria ao projeto moderno/colonial capitalístico em sua versão contemporânea. Ações de escavação para a abertura de portais sensíveis, revolvendo a terra para escutar com as mãos, abrindo o corpo para ser canal. Artistas que criam alianças corpo-mundo, frestas para a emergência de sensibilidades outras, para escutas outras, vozes outras. Ações como de Ana Mendieta, Tania Bruguera, Seba Calfuqueo, Rodrigo Braga, Natália Lobo Tupinambá, Tieta Macau, entre outres, que investem em experiências de contato com o mundo como vivo, vibrando a experiência das forças do mundo em seus corpos como via de denúncia, mas também de anúncio, de configurações outras de vida sobre uma terra ferida. O trabalho articula descrições e análises de propostas com reflexões desenvolvidas pelos artistas em diálogo com ideias de autores como Maria Lugones, Fernanda Eugénio, Suely Rolnik, Ailton Krenak, Peter Pál Pelbart, entre outres.