Criação de filhos, recriação de pais: práticas e discursos sobre os modos sensíveis de criação infantil

O presente trabalho analisa um conjunto variado de discursos e práticas que constituem modos sensíveis de criação infantil, os quais se inserem em um processo mais amplo de psicologização das camadas médias urbanas ocorrido nas últimas décadas no Brasil. Trata-se de práticas discursivas que colocam em evidência os sentidos, que exaltam as experiências, as percepções, os afetos, as emoções, a intuição, a empatia. Inicia-se com uma breve exposição acerca de alguns dos aspectos mais relevantes presentes em tais discursos. Em um segundo momento, busca-se tensionar esses discursos para então problematizar as noções de indivíduo e de natureza a partir da pesquisa etnográfica. Por fim, argumenta-se que mulheres e homens buscam cotidianamente tornarem-se Indivíduos em um processo de recriação concomitante à criação de seus filhos que é operado em meio a arranjos cotidianos para dar conta desses discursos, à composição de “escolhas conscientes” e ao consumo de determinados bens e serviços.