{"title":"“丽达与悲伤”ines德卡斯特罗:卡莫尼史诗中集体受害者的形象","authors":"José Francisco Ferreira Queiroz","doi":"10.11606/issn.2175-3180.v15i29p266-291","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Transposta das crônicas historiográficas para o suporte ficcional, a história de Inês de Castro assumiu a condição atemporal e mitológica que hoje a sustém como heroína entre heroínas da literatura universal. Na epopeia camoniana, embora não seja a primeira a mimetizar o fato histórico, tivemos a ordenação das estruturas narrativas que tornaram famoso o acontecimento histórico. Mas para além do infausto amor interrompido por razões palacianas, algo mais terrível se esconde na “paixão” de Inês de Castro. O que propomos neste artigo consiste no reconhecimento das “marcas vitimárias” que levaram a esposa póstuma do príncipe D. Pedro a se tornar o “bode expiatório” da “violência coletiva” cujo relato épico se ampara em um exemplo mitológico plasmado por Ovídio nas Metamorfoses. Ao contrapormos o sacrifício de Políxena à execução coletiva de Inês, mostraremos como uma mesma estrutura vicária se repete permitindo que o horror do fato histórico se encobrisse pela rede de analogias e alegorias do discurso poético.","PeriodicalId":204169,"journal":{"name":"Revista Desassossego","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-07-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"A \\\"leda e triste\\\" Inês de Castro: a figuração da vítima coletiva na epopeia camoniana\",\"authors\":\"José Francisco Ferreira Queiroz\",\"doi\":\"10.11606/issn.2175-3180.v15i29p266-291\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Transposta das crônicas historiográficas para o suporte ficcional, a história de Inês de Castro assumiu a condição atemporal e mitológica que hoje a sustém como heroína entre heroínas da literatura universal. Na epopeia camoniana, embora não seja a primeira a mimetizar o fato histórico, tivemos a ordenação das estruturas narrativas que tornaram famoso o acontecimento histórico. Mas para além do infausto amor interrompido por razões palacianas, algo mais terrível se esconde na “paixão” de Inês de Castro. O que propomos neste artigo consiste no reconhecimento das “marcas vitimárias” que levaram a esposa póstuma do príncipe D. Pedro a se tornar o “bode expiatório” da “violência coletiva” cujo relato épico se ampara em um exemplo mitológico plasmado por Ovídio nas Metamorfoses. Ao contrapormos o sacrifício de Políxena à execução coletiva de Inês, mostraremos como uma mesma estrutura vicária se repete permitindo que o horror do fato histórico se encobrisse pela rede de analogias e alegorias do discurso poético.\",\"PeriodicalId\":204169,\"journal\":{\"name\":\"Revista Desassossego\",\"volume\":\"7 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-07-08\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Desassossego\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i29p266-291\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Desassossego","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i29p266-291","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
A "leda e triste" Inês de Castro: a figuração da vítima coletiva na epopeia camoniana
Transposta das crônicas historiográficas para o suporte ficcional, a história de Inês de Castro assumiu a condição atemporal e mitológica que hoje a sustém como heroína entre heroínas da literatura universal. Na epopeia camoniana, embora não seja a primeira a mimetizar o fato histórico, tivemos a ordenação das estruturas narrativas que tornaram famoso o acontecimento histórico. Mas para além do infausto amor interrompido por razões palacianas, algo mais terrível se esconde na “paixão” de Inês de Castro. O que propomos neste artigo consiste no reconhecimento das “marcas vitimárias” que levaram a esposa póstuma do príncipe D. Pedro a se tornar o “bode expiatório” da “violência coletiva” cujo relato épico se ampara em um exemplo mitológico plasmado por Ovídio nas Metamorfoses. Ao contrapormos o sacrifício de Políxena à execução coletiva de Inês, mostraremos como uma mesma estrutura vicária se repete permitindo que o horror do fato histórico se encobrisse pela rede de analogias e alegorias do discurso poético.