Gabriela de França Ribeiro Espíndola, D. Medeiros, M. Lemos
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A utilização deste fármaco implica cuidados a respeito de suas indicações formais e efeitos adversos, por isso uma revisão a respeito deste tema tão polêmico se faz necessária. Trata-se de uma revisão bibliográfica acerca do uso medicinal da Cannabis com foco na epilepsia infantil. O levantamento da bibliografia foi feito entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, utilizando Pubmed e SciELO como bases de dados. Os descritores buscados foram “Pediatric Epilepsy and Cannabis” e “Cannabis for epilepsy”, e foram incluídas publicações dos últimos 5 anos. O objetivo desta revisão é apresentar informações a respeito do uso medicinal da Cannabis, seu mecanismo de ação e sua prática terapêutica, em especial nos casos de epilepsia na infância. O CBD é uma substância lipofílica, por isso, seu uso oral ou tópico em forma de óleo é o que demonstra maior eficácia. A melhor estratégia para a administração é utilizar baixas doses e realizar uma introdução lenta ao medicamento. O medicamento não é indicado para gestantes e lactantes e para pacientes com graus de psicose. A importação do CBD passou a ser legal em 2015, sendo classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como um medicamento de uso controlado. Em 2017, a Cannabis foi incluída na lista nacional de plantas medicinais. As indicações terapêuticas do CBD incluem fibromialgia, fadiga crônica, migrânea, esclerose múltipla, náusea refratária e Síndrome de Lennox-Gastaut. Seu uso nas epilepsias tem como base o fato de os receptores de CBD estarem expressos pré-sinápticamente em neurônios gabaérgicos e glutamatérgicos, sendo esta substância capaz de controlar a excitabilidade neuronal. O uso da Cannabis nas epilepsias era contra indicado principalmente devido ao componente THC, mas o CBD isolado apresenta excelentes propriedades anticonvulsivantes nas epilepsias refratárias, e fornece alta tolerabilidade e segurança, apesar de necessitar de doses mais elevadas quando comparado a sua associação com o THC. Mesmo com essas indicações, é necessário conhecer os riscos do uso dessa substância, como declínio cognitivo, dependência e maior risco de esquizofrenia, sendo que uma idade de introdução precoce mais relacionada a eventos graves. Os efeitos adversos mais comuns são: sonolência, perda de peso, irritabilidade, convulsões, diarreia, aumento de transaminases hepáticas. Apesar de existirem estudos a respeito de seu uso nas epilepsias de difícil controle, ainda não são de número suficiente para afirmar sobre a certeza da eficácia ou da segurança do CBD a longo prazo nas epilepsias em geral. 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Uso da Cannabis na Epilepsia Infantil: Artigo de Revisão
“Cannabis medicinal” é o termo utilizado para o uso de agentes farmacológicos derivados da planta do gênero Cannabis, para alívio de sintomas ou condições clínicas. A planta produz diversos derivados, entre eles o Canabidiol (CBD), cujo uso de maior eficácia é nas epilepsias infantis refratárias ao tratamento convencional, e o tetrahidrocanabinol (THC), responsável por efeitos psicoativos. Seu mecanismo de ação é devido a interações com receptores no sistema nervoso central que formam o sistema endocanabinóide.O CBD não atua no receptor CBD1, não apresentando efeitos psicoativos. Sua ação é restrita ao CBD2, que tem propriedades imunomoduladoras, apresentando assim um limiar de toxicidade mais alto. A utilização deste fármaco implica cuidados a respeito de suas indicações formais e efeitos adversos, por isso uma revisão a respeito deste tema tão polêmico se faz necessária. Trata-se de uma revisão bibliográfica acerca do uso medicinal da Cannabis com foco na epilepsia infantil. O levantamento da bibliografia foi feito entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, utilizando Pubmed e SciELO como bases de dados. Os descritores buscados foram “Pediatric Epilepsy and Cannabis” e “Cannabis for epilepsy”, e foram incluídas publicações dos últimos 5 anos. O objetivo desta revisão é apresentar informações a respeito do uso medicinal da Cannabis, seu mecanismo de ação e sua prática terapêutica, em especial nos casos de epilepsia na infância. O CBD é uma substância lipofílica, por isso, seu uso oral ou tópico em forma de óleo é o que demonstra maior eficácia. A melhor estratégia para a administração é utilizar baixas doses e realizar uma introdução lenta ao medicamento. O medicamento não é indicado para gestantes e lactantes e para pacientes com graus de psicose. A importação do CBD passou a ser legal em 2015, sendo classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como um medicamento de uso controlado. Em 2017, a Cannabis foi incluída na lista nacional de plantas medicinais. As indicações terapêuticas do CBD incluem fibromialgia, fadiga crônica, migrânea, esclerose múltipla, náusea refratária e Síndrome de Lennox-Gastaut. Seu uso nas epilepsias tem como base o fato de os receptores de CBD estarem expressos pré-sinápticamente em neurônios gabaérgicos e glutamatérgicos, sendo esta substância capaz de controlar a excitabilidade neuronal. O uso da Cannabis nas epilepsias era contra indicado principalmente devido ao componente THC, mas o CBD isolado apresenta excelentes propriedades anticonvulsivantes nas epilepsias refratárias, e fornece alta tolerabilidade e segurança, apesar de necessitar de doses mais elevadas quando comparado a sua associação com o THC. Mesmo com essas indicações, é necessário conhecer os riscos do uso dessa substância, como declínio cognitivo, dependência e maior risco de esquizofrenia, sendo que uma idade de introdução precoce mais relacionada a eventos graves. Os efeitos adversos mais comuns são: sonolência, perda de peso, irritabilidade, convulsões, diarreia, aumento de transaminases hepáticas. Apesar de existirem estudos a respeito de seu uso nas epilepsias de difícil controle, ainda não são de número suficiente para afirmar sobre a certeza da eficácia ou da segurança do CBD a longo prazo nas epilepsias em geral. PALAVRAS-CHAVE: Cannabis, Epilepsia Infantil, CBD