Discursos raciais e diagnósticos sobre as nações americanas na segunda metade do século XIX em Conflicto y armonías de las razas de Sarmiento

O artigo tem como proposta pensar a questão da raça a partir da análise do livro Conflicto y armonías de las razas en América de Domingo Faustino Sarmiento. Nesse texto, o autor elabora discursos raciais que vão configurar-se como diagnósticos sobre o continente e as nações americanas, naquele final de século, quando o conceito de raça ganha terreno com o cientificismo oitocentista e as novas teorias raciais. Esse é um momento no qual as Américas ganham destaque como um grande laboratório, lugar privilegiado de interação biológica, social e cultural entre os diversos grupos que compunham aquelas sociedades, conformando um radical processo de racialização. Nesses diagnósticos, a diversidade racial e a mestiçagem foram avaliadas muitas vezes como obstáculos a serem superados por uma intelectualidade desejosa por alcançar a civilização e o progresso. O artigo também pretende investigar a temporalização do conceito de raça a partir das diversas experiências temporais a ele identificadas (de progresso, atraso, assimetria etc.) e relacionadas a uma concepção de tempo histórico linear e do progresso.