A VIRGEM MARIA NAS MANIFESTAÇÕES SINCRETISTAS

A maioria dos escravos traficados para o Brasil praticava as crenças tradicionais, e criariam artifícios para conservá-las. Na concepção da realidade que tinham, a fé era sentida não como um “aspecto”, e sim como uma realidade norteadora nas suas mais diversas manifestações. Também na América isso se manteve pela transmissão oral, fundamentada na memória milenar, possibilitando a reprodução dos valores ancestrais em outro espaço sócio-religioso. Como, porém, as crenças não eram uniformes, e isso fica evidente pela enumeração das etnias trazidas, no processo de reconstrução, cada uma delas desenvolveria características específicas. Era nesse ponto que a piedade mariana tinha uma importância crucial como atração, dado seu enorme apelo festivo e sentimental. Disso, resultou toda uma gama de manifestações “hibridas” de culto, que sobreviveram aos tempos, estando, ainda hoje, presentes, nas mais variadas formas, em todas as regiões do Brasil.