OCORRÊNCIA DE CRUSTÁCEOS ASSOCIADOS ÀS MACROALGAS NO COSTÃO ROCHOSO LOCALIZADO EM IRIRI, ANCHIETA-ES

Abstract

Os substratos biológicos, como as algas, constituem importantes micro-habitat para outros organismos que os utilizam para proteção e alimentação. O objetivo desse trabalho foi caracterizar os crustáceos associados às algas do costão rochoso, localizado na praia Costa Azul, Iriri, município de Anchieta, Espírito Santo. Foram realizadas quatro coletas bimestrais entre abril/outubro de 2016, durante a maré baixa no mediolitoral, utilizando um quadrante de 10cm2 lançado aleatoriamente em três pontos na faixa de algas, onde o material foi raspado com auxílio de uma espátula. Foram amostrados 91 crustáceos associados a 14 espécies de algas: Canistrocarpus cervicornis, Caulerpa cupressoides, Centroceras clavulatum, Codium intertextum, Dichotomaria marginata, Dictyota crenulata, Gracilaria sp., Halimeda cuneata, Heterosiphonia sp., Hypnea musciformis, Padina sp., Sargassum cymosum, Solieria sp. e Ulva lactuca. Dos crustáceos registrados, 79 indivíduos são pertencentes a ordem Amphipoda e 12 a ordem Decapoda. Dentre os anfípodes, Apohyale media foi a mais representativa (60,5%), seguida por Cymadusa filosa (9,8%), Ampithoe ramondi (8,8%), Sunamphitoe pelagica (4,4%), Elasmopus pectenicrus (1,1%) e Ericthonius brasiliensis (1,1%). Dentre os Decapoda, coletou-se um Anomura: Calcinus tibicen (2,2%) e 10 indivíduos de Brachyura, sendo os mais representativos: Microphrys bicornutus (5.5%), seguidos por Pachygrapsus transversus (2,2%), Epialtus bituberculatus (2,2%), Acanthonyx dissimulatus (1,1%) e Pachygrapsus gracilis (1,1%). Os apressórios das algas podem reter sedimentos e alimentos fazendo com que os crustáceos estejam entre a fauna associada mais abundante. A predominância do anfípode A. media corrobora com a ampla distribuição vertical conhecida em costões rochosos e ocorrência em substratos biológicos. C. filosa e A. ramondi também apresentam esse padrão, provavelmente em menor abundância por causa da predominância da A. media. Já M. bicornutus tem o hábito de se camuflar decorando o corpo com algas, deixando-o menos suscetível a predação, o que pode explicar sua predominância entre os Decapoda. Esse estudo é de grande importância para o conhecimento da fauna dos costões no Espírito Santo, com ampliação da área de ocorrência desses táxons. Além disso, compila informações importantes para a biodiversidade deste ambiente, que sofre influência antrópica por se localizar em uma praia frequentada por grande número de turistas e haver um restaurante sobre o costão.