Angelita Viana Corrêa Scardua, Carol Scolforo, G. R. Machado, Paula Serafim Daré
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Abstract
No Brasil, todos os anos o alto volume de chuvas provoca inundações, enxurradas e deslizamentos de terras que resultam em desastres naturais nas cidades. Além das mortes, o país vê o número de desabrigados aumentar a cada ano, causando muito mais do que danos materiais. Quando essas tragédias levam à perda da moradia, enormes prejuízos físicos, emocionais e mentais entram em cena. Sob a perspectiva da psicologia analítica, este artigo buscou refletir sobre os efeitos psicológicos da perda da habitação. Utilizando como base a pesquisa bibliográfica e documental, o trabalho percorreu aspectos históricos e culturais a fim de revelar de que forma a população mais pobre tornou-se a classe mais atingida pelo problema. Instalada em locais vulneráveis aos desastres e vítima da falta de investimentos estruturais, essa população está constantemente exposta à ameaça de perder seu abrigo. A casa sustenta parte considerável da imagem de uma pessoa no mundo, situando sua vida tanto geograficamente quanto psicologicamente. Para diferentes autores, esse espaço físico projeta a singularidade das trajetórias pessoais e profissionais, apresentando-se também como um instrumento de individuação. O morador é capaz de reproduzir na casa a maneira como lida com seus conteúdos internos, em uma relação de continuidade. Concluiu-se que testemunhar o esvaziamento desse lugar ressoa no indivíduo a sensação de agonizar pela própria existência, trazendo à tona as inseguranças primárias do medo da rejeição e do abandono. Logo, quando uma casa desmorona, pode arrastar consigo as projeções de passado, presente e futuro de uma pessoa.