Perfil sócio-econômico e saber etnobiológico do catador de caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) da Área de Proteção Ambiental do Delta do Rio Parnaíba
Jussiara Candeira Spíndola Linhares, Lissandra Corrêa Fernandes Góes, J. M. Góes, J. F. A. Legat
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Abstract
O objetivo deste estudo foi observar o perfil sócio-econômico do catador de caranguejo-uçá da APA do Delta do Rio Parnaíba, assim como verificar seu conhecimento sobre a biologia e a interação com o meio e leis de defeso dessa espécie. Vinte e seis catadores foram entrevistados no período de agosto de 2005 a julho de 2006. Nas entrevistas, havia perguntas sobre sua situação social, relações tróficas do caranguejo-uçá, sua biologia, formas de captura, defeso e conservação do manguezal. Todos eram do sexo masculino, com idade entre 16 e 51 anos, com tempo médio de 22 anos de profissão, catando cerca de 51 caranguejos por dia durante a estação chuvosa e 83 na estação seca, e indo ao mangue geralmente quatro vezes por semana. A renda média familiar mensal era R$291,00. Dos catadores, 92,3% afirmaram conhecer o período de defeso, porém, destes apenas 61,5% conheciam o período correto. De acordo com os catadores, o período de muda do caranguejo ocorre de agosto a outubro, mesmos meses citados para ocorrência do “caranguejo-leite”. Eles reconhecem e respeitam o período da “andada” que ocorre de janeiro a março. A ocorrência de fêmeas ovígeras acontece em sincronia com a “andada”, de janeiro a abril. Os catadores afirmam que os caranguejos se alimentam de folhas, raízes e brotos, e que seus principais predadores são o macaco-prego e o guaxinim. Entre eles, 69,2% perceberam a diminuição do tamanho do pescado e o aumento do esforço na captura. O estudo do conhecimento etnobiológico dos catadores pode servir de base para trabalhos que visem à preservação desse pescado, assim como para a conservação e exploração sustentável do seu ecossistema.